domingo, 26 de agosto de 2012

Asfalto mais ou menos liso: um obstáculo para os motoristas



Bueiros desnivelados e imperfeições em ruas recapeadas são alguns dos problemas encontrados pelos bairros do Rio



Tapete furado. Na Rua Carlos Góis, no Leblon, o buraco formado pelo bueiro desnivelado desafia os motoristas no trecho entre a Delfim Moreira e a Avenida Ataulfo de Paiva
Foto: Guito Moreto / O Globo
Tapete furado. Na Rua Carlos Góis, no Leblon, o buraco formado pelo bueiro desnivelado desafia os motoristas no trecho entre a Delfim Moreira e a Avenida Ataulfo de PaivaGUITO MORETO / O GLOBO
RIO - Embora a Operação Asfalto Liso esteja em fase de conclusão, quem esperava circular pela cidade com mais tranquilidade teve de trocar a esperança por cautela em algumas das ruas recentemente recapeadas. Em vários trechos, o acabamento das obras ainda não foi realizado. Enquanto em outros, onde os trabalhos foram finalizados, já começam a aparecer problemas. E assim persistem bueiros desnivelados, falta de sinalização horizontal ou pedaços de concreto que se soltam.
— Os motociclistas sofrem mais, porque correm o risco de cair da moto num desnível desses — reclama o fotógrafo Ricardo Freire.No Leblon, em quase todas as ruas que receberam asfalto novo é possível encontrar imperfeições. Há bueiros desnivelados em avenidas como Visconde de Albuquerque e Bartolomeu Mitre, além de ruas como a Almirante Guilhem. Uma das situações mais graves está na Rua Carlos Góis, onde vários bueiros ficaram abaixo do nível do asfalto no trecho entre a praia e a Ataulfo de Paiva.
Na lista de obras inacabadas do Leblon, em ruas transversais como a Carlos Góis, a Almirante Guilhem e a Cupertino Durão — que passaram por intervenções no segundo trimestre deste ano —, nem as faixas de pedestres foram pintadas. E na Afrânio de Melo Franco, que também foi recuperada em 2012, faltam as faixas horizontais que separam mão e contramão.
Já na Rua Ministro Raul Fernandes, em Botafogo, há dois bueiros desnivelados numa distância inferior a 50 metros. Razão para protestos de motoristas, que dizem que o espaço entre o término da aplicação do asfalto e o nivelamento dos bueiros é maior do que o aceitável.
— Já faz tempo que trocaram o asfalto dessa rua, e os buracos ficaram. Quem já conhece desvia, mas quem não sabe cai em cheio. Acho que deveria haver uma sinalização nesses casos ou, simplesmente, só liberar a via para circulação quando tudo estivesse terminado — diz o taxista Júlio Amorim, que faz ponto ali perto, nas imediações do Hospital Samaritano.
E, mesmo nos lugares onde o nivelamento já foi feito, o resultado nem sempre é satisfatório. É o caso da Rua Visconde de Pirajá, na altura da Praça General Osório, em Ipanema. Ali, o asfalto colocado na borda do bueiro ficou mais alto do que a rua. Já no cruzamento das avenidas Ataulfo de Paiva e Afrânio de Melo Franco, no Leblon, foi o concreto posto no entorno do bueiro que se soltou, deixando um buraco na faixa seletiva dos ônibus.
Os problemas são parecidos em outras regiões da cidade. Na Tijuca, na Rua Barão de Mesquita, os bueiros foram nivelados. Mas, num deles, perto da esquina com a Rua Uruguai, parte do concreto afundou, causando uma perigosa inclinação do tampão. Isso sem falar nos remendos que já são feitos no asfalto novo.
Morador da Barra da Tijuca, Roberto Pereira D’Araujo aponta problemas também em vias do bairro, como a Avenida das Américas, em frente ao Barra Point.
— O recapeamento foi feito há meses, e continua havendo buracos. Prefiro um asfalto ruim, por onde eu já sei que preciso andar com cuidado, do que um tapete com surpresas no caminho. Sei que, nas manobras para desviar, acabo praticando uma direção perigosa.
A Secretaria municipal de Obras admite que há um intervalo entre o recapeamento e o nivelamento de bueiros ou a pintura de faixas. Segundo o órgão, com objetivo de manter a qualidade, a Operação Asfalto Liso é realizada em etapas. E os serviços seguem, nessa ordem, um cronograma de fresagem da pista, aplicação da nova pavimentação, nivelamento de tampões, bueiros e ajustes de sarjeta, além de pintura de sinalização horizontal.
Nas ruas em que O GLOBO constatou imperfeições, a secretaria afirmou que os trabalhos de acabamento acontecerão em até dois meses. E destacou que o material utilizado nos recapeamentos (o SMA, uma mistura morna de asfalto) confere maior durabilidade ao pavimento e reduz a necessidade de operações tapa-buraco.
Mas, para Paulo Roberto Araújo, engenheiro aposentado do DER, não são justificáveis, por exemplo, os intervalos entre a aplicação do asfalto e os serviços de acabamento:
— Falta rigor na fiscalização das obras. No dia seguinte à aplicação da camada de asfalto, a sinalização já pode e deve ser feita. Em seguida, é o momento de nivelar os bueiros. Não há motivo para demorar tanto.
Integrante da comissão de asfalto do Instituto Brasileiro de Petróleo, o engenheiro Saul Birman garante que o serviço de nivelamento dos bueiros pode ser feito enquanto a massa asfáltica é colocada. E diz que o asfalto é melhor do que o concreto para esse tipo de arremate.
— Como é mais rígido, o concreto tende a fissurar mais — afirma o especialista.


Nenhum comentário: