quinta-feira, 5 de julho de 2012

Dilma foi Monitorada


Órgãos de informação monitoraram presidente quando ela já era secretária no governo do RS



Dilma, durante o governo de Alceu Collares, continuava sendo alvo dos arapongas da Presidência
Foto: Mauro Vieira / Agência RBS
Dilma, durante o governo de Alceu Collares, continuava sendo alvo dos arapongas da PresidênciaMAURO VIEIRA / AGÊNCIA RBS
BRASÍLIA - Nos anos 1990, na vigência da democracia e com presidente eleito por voto direto, os órgãos de informação do governo continuaram monitorando pessoas, partidos e movimentos sociais, entre outros alvos. Funcionária da Prefeitura de Porto Alegre e depois do governo do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff não escapou. Seu nome aparece em alguns registros produzidos pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Em abril de 1991, no governo Fernando Collor de Melo, o nome de Dilma aparece num relatório de inteligência ainda associada a sua atividade na oposição ao regime militar e com citação das organizações de esquerda das quais fez parte: o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
Nessa lista, apareciam outros antigos militantes que, como ela, estavam sendo contratados para trabalhar no governo do Rio Grande do Sul. O informe do regime militar era intitulado “Nomeações para órgãos do poder público no RS”. O nome de Dilma estava na relação e aparece assim: “o DOE (Diário Oficial do Estado) em março de 91 divulgou as nomeações dos funcionários da administração estadual abaixo relacionados. Os referidos nomes possuem registros ideológicos”. Entre 1991 e 1993, Dilma presidiu a Fundação de Economia e Estatística, no governo Alceu Collares (PDT).
Também em abril de 91, o nome de Dilma surge em outro informe dos arapongas. O documento tratava da eleição da nova direção do diretório estadual do PDT, já que vários integrantes da direção partidária assumiram cargos no governo Collares. Dilma, que à época era filiada a essa legenda, foi uma delas. “A eleição da nova Executiva foi decorrente da prorrogação do atual diretório regional e da desincompatibilização de alguns membros da direção que estão exercendo funções no governo estadual”.
Em fevereiro de 1992, Dilma está citada no informe “movimento sindical no Rio Grande do Sul”. Eram abordados debates que tratavam de política recessiva, déficit público, perfil dos desempregados, críticas à política salarial, movimentos contra privatização e valor das ações trabalhistas contra estatais. Também em 1994, no governo de Itamar Franco, a SAE cita Dilma num relato sobre instalação da hidrelétrica de Jacuí.
Os arapongas do governo Collor acompanhavam as ações de outros opositores, em especial do PT. O anunciado Governo Paralelo, criado por Lula, em 90, após a derrota para Collor, foi citado em centenas de informes. São registros de atividades, como a divulgação de seu plano de reforma agrária, posição sobre a reforma administrativa de Collor. E também a agenda e atividade de Lula eram monitoradas.
O Instituto Cajamar, vinculado ao PT, aparece nos relatórios como promotor do “turismo político em Cuba”. Se refere a pacotes de viagens para aquele país, com duração de duas semanas, que inclui na programação visita a escolas de formação política cubanas e sede do partido.

Um comentário:

Cremildes T. de Hond-Durass disse...

Essa matéria está ligada a um jornalista do O GLOBO que andou fuçando alguns arquivos do ex-SNI hoje - a fim de marcar o desprezo pela antiga sigla - Secretaria de Assuntos Intsitucionais(ou coisa que o valha). O fato é que continuará havendo um organismo de Governo que trate a Informação, palavra também meio que expurgada e substituída por Inteligência. E ao tratar, com inteligência, é lógico, tudo que se refira a informação, haverá momentos em que serão "examinadas" personalidades que se oponham ao Poder do dia. Ou será que alguém tem dúvida de que acabaram-se os arapongas do Governo do Dia, ao acabar-se com a sigla SNI? Quanto à tal renuncia do Itamar que o jornalista também descobriu, insinuando que isto poderia estar sendo servido aos militares, quem quiz de fato renunciar foi o próprio Itamar que, na quarta-feira de cinzas acordou, além da ressaca, com sua fotografia abraçado a Lilian Ramos, cuja região púbica sorria para todos os leitores, especialmente, achava ele, para os eleitores de Juiz de Fora. Itamar ligou deprimido para os militares que entraram em pânico e recorreram a FH, que sim teve a calma de persuadir nosso juizdeforano a tocar o bonde, pois isto até poderia dar-lhe alguma nova imagem e popularidade.