Um candidato a vereador do PSDB é, em média, 57% mais rico do que um adversário do PT. Erros e médias à parte, essa diferença reforça a aparência de que os políticos, militantes e, em última análise, eleitores dos dois partidos têm origem social muito distinta.
A imagem da diferença ficou estampada nas duas figuras de proa das duas agremiações: o operário Lula e o professor universitário Fernando Henrique Cardoso. Mas até onde vai essa diferença?
É na base da pirâmide política que a distinção entre PT e PSDB fica mais evidente. Os mapas de votação dos candidatos majoritários dos dois partidos nos últimos pleitos refletem essa divisão. No Brasil, os petistas Lula e Dilma Rousseff foram proporcionalmente muito mais votados nas regiões mais pobres do país, principalmente no Nordeste, enquanto os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin tiveram proporcionalmente mais votos nos Estados e municípios mais ricos.
Dentro das cidades, a mesma lógica político-geográfica se repete. Na cidade de São Paulo, o PT tem um histórico de votação massiva nas periferias pobres e distantes, enquanto os candidatos tucanos -a prefeito, governador e presidente- costumam ter suas maiores margens de vitória no centro expandido e rico da capital.
Mas essa visão em preto e branco (ou em vermelho e azul) omite as votações, muitas vezes expressivas, que ambas as siglas conseguem no quintal do adversário. O PT não tem apenas eleitores pobres nem o PSDB só tem eleitores bem de vida. Se fosse assim, os tucanos nunca teriam conseguido eleger nenhum candidato majoritário.
Subindo-se os degraus da pirâmide política, as discrepâncias entre petistas e tucanos vão se diluindo. Se entre candidatos a vereador -a porta de entrada para a vida partidária- a diferença de patrimônio é de 57%, entre os candidatos a prefeito dos dois partidos a distância é muito menor. Os tucanos que disputam prefeituras este ano são apenas 11%, em média, mais ricos do que os seus rivais do PT.
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