A grande virada de “Avenida Brasil foi prometida para o capítulo 100. Assim esperou o público. Mas não foi bem assim que aconteceu. A virada começou na quinta-feira, no último minuto do capítulo. Foi quando caiu a ficha da megera Carminha (Adriana Esteves), e ela urdiu seu plano de vingança. A vendeta seguiu pela sexta, e, finalmente, no sábado se consumou. “Avenida Brasil” teve seu momento “Kill Bill” — em geral uma especialidade de “Cheias de charme” em eventuais cenas de luta — e a desmascarada Rita-Nina (Débora Falabella) foi posta viva dentro de uma cova. Para, em seguida, ser largada lá sem grandes ferimentos, com o rosto cuspido apenas.
As cenas foram bem escritas e finamente dirigidas. Mas a eletricidade se evaporou no picotamento da ação. Para ver Carminha endiabrada, o espectador precisou pagar um pedágio. Foi um festival de Cadinho fazendo revezamento de mulheres, ou sofrendo com o feng shui da sogra. Quando nada mais que o acerto de contas interessava, vimos blocos e blocos do drama de Roni. Resultado: houve um festival de queixas nas redes sociais. Parcelar o filé mignon em capítulos mexeu com sua suculência e se mostrou um mau negócio. Se, ao contrário, tudo tivesse sido concentrado numa noite, teria provocado o choque de adrenalina desejado. Em 72 horas, irritou.
Quanto melhor o produto, maior a exigência do público. “Avenida Brasil” é excelente e acostumou mal o telespectador. As novelas são mesmo compridas demais, e um dos maiores desafios de seus criadores está na capacidade de esticar sem deixar parecer que está esticando. Neste caso, não funcionou.
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