quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ausência programada...


Advogados do bicheiro incluíram deputado estadual, que estaria viajando, como testemunha




Cachoeira tenta se esconder de fotógrafos no carro, depois do interrogatório na 11ª Vara Federal de Goiás: depoimento do bicheiro será nesta quarta-feira
Foto: O Popular / Ricardo Rafael

Cachoeira tenta se esconder de fotógrafos no carro, depois do interrogatório na 11ª Vara Federal de Goiás: depoimento do bicheiro será nesta quarta-feiraO POPULAR / RICARDO RAFAEL
GOIÂNIA - O deputado estadual Daniel Messac (PSDB) , do grupo do governador de Goiás Marconi Perillo, é o principal trunfo de um grupo de advogados para atrasar o andamento do processo contra integrantes da suposta organização do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Messac foi incluído na lista de testemunhas do ex-vereador Wladimir Garcez pelo advogado Ney Moura Teles, mas não deve comparecer ao depoimento à Justiça Federal, previsto para começar às 9 horas desta quarta-feira. Segundo Teles, Messac está viajando.
- O deputado não vai depor amanhã (hoje). Ele não é obrigado a depor. Ele tem prerrogativa de ajustar o dia do depoimento - disse Teles ao GLOBO.
A ausência de qualquer uma das testemunhas pode forçar o adiamento do interrogatório de Cachoeira e dos outros seis réus. Pela lei, os réus só podem ser ouvidos depois do interrogatório de todas as testemunhas. Segundo o procurador Daniel de Resende Salgado isso só não aconteceria se o juiz Alderico Rocha Santos, substituto da 11Vara Federal, decidir desmembrar o inquérito e deixar o caso de Wladimir Garcez à parte. Teles indicou Messac como testemunha de Wladimir em maio, pouco antes da primeira suspensão das audiências marcadas pela Justiça Federal no processo contra o grupo de Cachoeira.
Antes de Messac, Teles já tinha indicado o deputado estadual Bruno Peixoto (PMDB) como testemunha de Wladimir. Depois de prorrogar a data de seu interrrogatório Peixoto desistiu de depor. A partir daí, o advogado indicou uma testemunha que estava em fase terminal numa UTI de um hospital local. Agora, a carta na manga do advogado é Messac. O deputado tem fortes laços com Perillo, de quem já foi secretário Extraordinário. Apontado como braço político de Cachoeira, Garcez também é ligado ao governador. Ele teria intermediado a venda de uma casa de Perillo a Cachoeira.
Messac tem sua vida política atrelada à do governador. Perillo já tentou emplacar o parlamentar como presidente da Assembleia Legislativa, por mais de uma vez. No início do segundo mandato de Perillo, em 2003, Messac ganhou o cargo de secretário extraordinário para assuntos da região metropolitana de Goiânia. Quatro anos depois, sem conseguir se reeleger para a Assembleia, voltou para o governo estadual pelas mãos de Perillo. Messac ficou apenas na segunda suplência. Foi em 2007, primeiro ano da gestão de Alcides Rodrigues (PP), que havia sido vice de Perillo, com quem romperia anos depois.
O deputado sempre pertenceu à base política de apoio a Perillo. Hoje, no terceiro mandato de deputado estadual, preside a Comissão de Constituição e Justiça e continuando pleiteando a presidência da Assembleia. Antes de se eleger deputado estadual, foi vereador de Goiânia por três vezes, entre 1991 e 2002. Foi nesse período que atuou ao lado de Wladmir Garcez, que chegou a presidir a Câmara Municipal. Agora, réu no processo da Operação Monte Carlo e responsável por fazer a ponte entre Cachoeira e Perillo, Wladmir arrolou Daniel Messac como testemunha de defesa.
Para hoje estão previstos os depoimentos de mais seis testemunhas. A procuradora Léa Batista de Oliveira e o Daniel de Resende tentaram, sem sucesso, dispensar o interrogatório de três delas. Os advogados rejeitaram a proposta.

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