Em “Gabriela”, Marcelo Serrado interpreta Tonico Bastos. O conquistador incorrigível é casado com Olga (Fabiana Karla), fogosa gordinha que ele passa para trás com relativa tranquilidade e grande cara de pau. Ninguém discute a capacidade do ator. Ela já ficou evidente em pelo menos duas das novelas que ele fez na Record — “Prova de amor” e “Vidas opostas” — e, mais recentemente, em “Fina estampa”. Na história de Aguinaldo Silva, Serrado e Christiane Torloni formaram uma dupla tão bem-sucedida que deixaram muitos dos personagens principais comendo poeira. Crodoaldo Valério era uma combinação de texto inspirado com composição minuciosa e direção acertada. Foi um destaque numa produção bastante irregular. “Fina estampa” acabou em março e, por todas essas razões, as loas de Crô à “rainha do Nilo” ainda continuam bem vivas na memória do público. Daí a pergunta: a volta ao ar do ator não seria precoce?
A resposta está em “Gabriela”. Mesmo que Serrado não repetisse os trejeitos de Crô na novela de Walcyr Carrasco, o público os enxergaria ali. Mas ele repete. Nem sendo um gênio da raça um ator conseguiria se desembaraçar totalmente em ritmo zás-trás de um personagem tão marcante. O Tonico Bastos que vemos sofre ainda com o fantasma de Fúlvio Stefanini, seu intérprete na versão anterior da novela, de 1975. Quem viu se lembra daquele franzir de sobrancelhas idêntico ao de Serrado hoje.
A Globo precisa repensar urgentemente essa política de repetição de elencos.
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