quinta-feira, 26 de julho de 2012

Conclusões Apressadas - Marcos Coimbra



Apesar de tudo que sabemos a respeito da falta de capacidade preditiva das pesquisas de intenção de voto realizadas a esta altura do processo eleitoral, a cada vez que são publicados resultados - especialmente quando se referem a um conjunto um pouco mais amplo de cidades -, um mesmo cenário se repete.
Entre os candidatos, os líderes se animam, achando que estão fazendo tudo certo. Os outros olham seus assessores com desconfiança, tentando descobrir onde erraram.
Na opinião pública, os que torcem pelos que estão na frente se alegram. Quem prefere um dos demais se angustia.
Os analistas saem em disparada para comentá-las, cada um querendo dar a interpretação definitiva. A imprensa se enche de elucubrações sobre o “recado das urnas” e vaticínios sobre as consequências da eleição – sem que ela tenha sequer começado.
Isso acaba de acontecer a propósito da recente rodada de pesquisas que o Datafolha realizou em sete capitais.
Em nenhuma houve novidades relevantes. Todas repetiram o que já havia sido apontado por levantamentos anteriores.
A razão para isso é simples: embora, oficialmente, as campanhas tenham se iniciado há vinte dias, elas não chegaram à televisão.
Por isso, nada mudou de relevante na informação que atinge a grande maioria do eleitorado. Ela permanece desinteressada e desinformada.
O tempo anda depressa no meio político e devagar para o eleitor. Enquanto os profissionais correm contra o relógio, o cidadão vai passo a passo até a eleição.
Ela começa, de fato, nos 45 dias finais. Só então entra no cotidiano.
Agradeça-se à nossa legislação por isso. Com sua obsessão por controlar a “antecipação” da campanha, o que ela faz é retardá-la para muito depois do que seria recomendável na democracia.
Como se fosse superior a decisão eleitoral tomada em cima da hora!

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