sábado, 28 de julho de 2012

Dilma diz que setores que recebem incentivo devem garantir emprego



Fala da presidente foi um recado à indústria automobilística



A presidente Dilma Rousseff e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na inauguração da Casa Brasil, em Londres.
Foto: SERGIO MORAES / REUTERS
A presidente Dilma Rousseff e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na inauguração da Casa Brasil, em Londres.SERGIO MORAES / REUTERS
LONDRES — A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira, em Londres, que o governo anunciará em agosto e setembro medidas anticíclicas (de combate à crise) para estimular a economia, e afirmou que os setores que recebem incentivos governamentais devem garantir a manutenção do emprego no país. A fala parece ter sido um recado para a indústria automobilística, que, apesar de ter recebido incentivos fiscais, tem sinalizado com o fechamento de postos em sua linha de montagem.
— Todos os setores que receberem incentivos do governo têm que saber que nós fazemos isso por um único motivo no mundo: garantir o emprego e a renda do brasileiro — disse ela em entrevista à imprensa no hotel onde está hospedada em Londres por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos, nesta sexta-feira. — Nós iremos, no mês de agosto e um pedaço de setembro, tomar algumas medidas, continuando nosso programa contracíclico. Estamos muito preocupados em reduzir o custo do país — acrescentou ela, citando planos do governo de reduzir o custo da energia elétrica.
Na terça-feira, a General Motors dispensou, sob licença remunerada, todos os seus funcionários em São José dos Campos (SP). Segundo a empresa, os trabalhadores ameaçavam invadir a fábrica em meio às negociações sobre o destino dos 1.500 operários da unidade, que será fechada. De acordo com o sindicato, haveria demissão em massa. Na quinta, a companhia se comprometeu a manter aberto setor de fábrica pelo menos até 4 de agosto, quando a montadora e sindicato de metalúrgicos da região terão nova reunião.
A GM foi chamada pelo Ministério da Fazenda para esclarecer, na próxima terça-feira, a situação da fábrica de São José dos Campos. O ministério, segundo sua assessoria de imprensa, quer uma explicação da montadora sobre os últimos acontecimentos, como o encerramento da produção de três modelos — Zafira, Meriva e Corsa. A pasta também vai cobrar explicações da Anfavea, entidade que representa a indústria automobilística nacional.
Governo anuncia investimento em infraestrutura de transporte
Dilma ainda afirmou que o governo fará uma política de investimentos nas áreas de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, o que incluirá concessões e outros marcos regulatórios, como parcerias público-privadas.
— Temos certeza de que estamos no caminho da estabilidade. Nós vamos fazer tudo isso mantendo a solidez fiscal, a inflação sob controle e continuando nossas políticas sociais — disse Dilma.
A presidente reconheceu que o Brasil tem sofrido os impactos da crise da zona do euro, e que todos os países do Brics — grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — vêm sendo afetados. Dilma, no entanto, disse esperar a recuperação da taxa de crescimento do país nos próximos meses.
— Acredito que nós iremos, nos próximos meses, crescer a uma taxa maior. Mas mesmo hoje nós estamos segurando o nível de crescimento, que é bastante significativo considerando a situação internacional — disse ela.
O governo vem buscando adotar medidas de estímulo diante da dificuldade da economia brasileira em deslanchar depois de o Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido apenas 0,2% no primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2011.
Entre as medidas já adotadas, o governo anunciou benefícios fiscais a indústrias e consumidores, além de aumento das compras federais. Em outra frente, o Banco Central realizou oito cortes seguidos na taxa básica de juros desde agosto passado, para a atual mínima recorde de 8% ao ano.

 

2 comentários:

Alberto disse...

Em inglês "wishfull thinking" traduz a atitude de pensarmos ser real as coisas que gostaríamos que fossem.
Na doutrina socialista os governos acreditam que podem inverter tendências de retração econômica no mercado livre promovendo rebates fiscais a setores selecionados a seu critério. No Brasil este equívoco é ampliado quando exigem como contrapartida a geração de novos empregos em uma atividade que necessita reduzir custos de mão de obra para sobreviver.

Luterzi disse...

Somente o "bolsa IPI" não resolve. O governo deveria observar outros tipos de bolsa, tais como: "bolsa infraestrutura", "bolsa de redução de encargos trabalhistas", entre outras necessárias a nossa indústria cujo custo final é elevado e não competitivo. Se observamos, desde idos tempos, esse segmento sempre teve inexpressivo desempenho dado a elevada carga tributária, o que torna o governo seu principal sócio que somente usufrui através da arrecadação de impostos e pouco acresenta em sua participação.