domingo, 8 de março de 2009

Quem Tem Medo da Excomunhão ?



O arcebispo de Olinda e Recife, José Cardoso Sobrinho, (foto) não excomungou o padrasto que estuprou e engravidou a enteada de 9 anos em Alagoinha, Pernambuco. Grávida de gêmeos, a menina foi submetida a aborto na última quarta-feira e o arcebispo excomungou os médicos que participaram do procedimento e a mãe. Para o religioso, no entanto, Jailton José da Silva, o padrasto, que foi indiciado por estupro e está preso, não está incluído na excomunhão.
- Ele (o padrasto) cometeu um pecado gravíssimo, mas não está excomungado. Segundo a Igreja, o aborto é um crime mais grave ainda. A pessoa que comete o estupro, assalta ou faz tantos delitos graves que acontecem não é penalizada com a excomunhão. Mas o Código Canônico é bem claro com o aborto. Ele estabelece, em seu Cannon número 1.398, a excomunhão automática para quem o pratica. No caso da menina, permanecem excomungados os médicos, a mãe, que autorizou, e todas as pessoas que participaram do aborto - disse o religioso, acrescentando que a vítima não está excomungada por ser uma criança.
Nesta sexta, o arcebispo justificou a excomunhão alegando que "a lei de Deus está acima de qualquer lei humana", referindo-se à legislação brasileira, que autoriza o aborto em caso de estupro ou quando a mãe corre risco de vida - neste caso, as duas situações se somaram, já que ela corria risco de vida com a gravidez.
A equipe médica que fez o aborto recebeu mais de 500 mensagens de apoio de médicos e especialistas, que afirmaram que a decisão foi correta. O Vaticano e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defenderam nesta sexta a decisão da Igreja Católica em Pernambuco de condenar o aborto. O chefe do Conselho Pontifício do Vaticano para a Família, Gianfranco Grieco, disse ao jornal italiano "Corrieri della Siera" que foi correta a excomunhão dos que fizeram o aborto.
- É um tema muito, muito delicado, mas a Igreja não pode trair sua missão de defender a vida desde a sua concepção até o seu término natural, ainda que diante de um drama humano tão forte como o da violência a uma menina.

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