Para acabar com a discussão, a ministra chefe da Casa Civil sentenciou: “Enquanto estivermos legais, estamos fazendo”.
É uma pena que o bom uso do idioma não seja obrigatório para ocupantes de altos cargos. Mas, sabe-se lá, falar desse jeito pode ser recomendação dos estrategistas eleitorais de Brasília. É assim que o povão entendem, devem dizer.
A frase de Dilma Roussef, aparentemente resumia a posição do governo sobre o repasse de dinheiro público para o Movimento dos Sem Terra. Mas, como lembrava o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, é ilegal repassar públicas a organizações eu cometem ilegalidades. Estaria nesse caso o MST, por violências praticadas durante a invasão de fazendas.
O episódio que provocou a discussão do assunto foi a morte de quatro seguranças de fazendas pernambucanas. Dois líderes do MST estão respondendo a processo por homicídio qualificado.
É notável que ontem, ao falar pela primeira vez sobre o episódio, o presidente Lula tenha escolhido como pertinente a opinião de Gilmar Mendes e definir como homicídio a morte dos quatro seguranças. Não criticou diretamente a posição de Dilma, mas parece ter sentido a necessidade de deixar claro que o governo não passa a mão na cabeça de assassinos. Exatamente o que ela esquecera de fazer.
Foi um pito severo em velhos aliados. Na verdade, formalmente, o MST não recebe um tostão de verbas federais. Nem poderia: ele não tem existência legal. Mas o dinheiro do governo vai para a pouco conhecida Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca). Em Brasília, MST e Anca funcionam no mesmo endereço, com o mesmo telefone; na verdade são uma coisa só. Mas, formalmente, só a Anca e ONGs criadas em assentamentos recebem verbas públicas.
O estratagema é simples, quase simplório, mas funciona. Permite ao governo, e isso não é recente, alegar que recursos públicos não financiam invasões de fazendas. No momento, o mau uso desse dinheiro está sendo investigado por órgãos do próprio governo – Polícia Federal e Ministério Público.
Praticamente todos os problemas nessa área têm uma só raiz: o fracasso histórico da reforma agrária, expressão antiga, até fora de moda. Tinha o belo objetivo de modernizar e democratizar a estrutura da agricultura brasileira.
Hoje em dia, pouco se fala na reforma. A política agrária federal, a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do INCRA, parece se concentrar no varejo dos contratos e convênios com assentamentos de sem-terra. O número deles de episódios violentos, mais ainda.
A Ministra chefe da Casa Civil provavelmente concorda com seu colega do Ministério da Justiça, Tarso Genro, que definiu o problema da violência no campo como responsabilidade exclusiva de autoridades estaduais.
Depois das declarações de Lula, talvez ela precise reescrever o seu discurso. Para incluir nele o reconhecimento de que “estar legal” exige de um membro do governo dar aos bois o nome que merecem.
É uma pena que o bom uso do idioma não seja obrigatório para ocupantes de altos cargos. Mas, sabe-se lá, falar desse jeito pode ser recomendação dos estrategistas eleitorais de Brasília. É assim que o povão entendem, devem dizer.
A frase de Dilma Roussef, aparentemente resumia a posição do governo sobre o repasse de dinheiro público para o Movimento dos Sem Terra. Mas, como lembrava o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, é ilegal repassar públicas a organizações eu cometem ilegalidades. Estaria nesse caso o MST, por violências praticadas durante a invasão de fazendas.
O episódio que provocou a discussão do assunto foi a morte de quatro seguranças de fazendas pernambucanas. Dois líderes do MST estão respondendo a processo por homicídio qualificado.
É notável que ontem, ao falar pela primeira vez sobre o episódio, o presidente Lula tenha escolhido como pertinente a opinião de Gilmar Mendes e definir como homicídio a morte dos quatro seguranças. Não criticou diretamente a posição de Dilma, mas parece ter sentido a necessidade de deixar claro que o governo não passa a mão na cabeça de assassinos. Exatamente o que ela esquecera de fazer.
Foi um pito severo em velhos aliados. Na verdade, formalmente, o MST não recebe um tostão de verbas federais. Nem poderia: ele não tem existência legal. Mas o dinheiro do governo vai para a pouco conhecida Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca). Em Brasília, MST e Anca funcionam no mesmo endereço, com o mesmo telefone; na verdade são uma coisa só. Mas, formalmente, só a Anca e ONGs criadas em assentamentos recebem verbas públicas.
O estratagema é simples, quase simplório, mas funciona. Permite ao governo, e isso não é recente, alegar que recursos públicos não financiam invasões de fazendas. No momento, o mau uso desse dinheiro está sendo investigado por órgãos do próprio governo – Polícia Federal e Ministério Público.
Praticamente todos os problemas nessa área têm uma só raiz: o fracasso histórico da reforma agrária, expressão antiga, até fora de moda. Tinha o belo objetivo de modernizar e democratizar a estrutura da agricultura brasileira.
Hoje em dia, pouco se fala na reforma. A política agrária federal, a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do INCRA, parece se concentrar no varejo dos contratos e convênios com assentamentos de sem-terra. O número deles de episódios violentos, mais ainda.
A Ministra chefe da Casa Civil provavelmente concorda com seu colega do Ministério da Justiça, Tarso Genro, que definiu o problema da violência no campo como responsabilidade exclusiva de autoridades estaduais.
Depois das declarações de Lula, talvez ela precise reescrever o seu discurso. Para incluir nele o reconhecimento de que “estar legal” exige de um membro do governo dar aos bois o nome que merecem.
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(O Globo, 03/03/09)
2 comentários:
Pior que o mau uso do idioma é o desdém com que a ministra responde a perguntas de interesse da sociedade.
Tudo que essa terrorista, de cara nova mas de ideologia arcaica, quer é na verdade armar bem armados os bandidos do MST, a fim de derrubar as "zelites" neoliberais, consevadoras,reacionárias,entreguistas,
privatizantes,a golpes de foices, martelos e foguetes.Não sem antes acrescentar uma letra à sigla: "A" de ARMADO. Vai ficar assim:MAST.
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