O Bob's Blog recebeu o texto a seguir com pedido de publicação.
Escrevi neste blog em 14/1 sobre a matéria "A Ministra Dilma - Antes e Depois":
"(...) É graças a pessoas como Dilma Roussef, Fernando Gabeira, Capitão Lamarca, Vladimir Herzog (estes dois últimos assassinados pelos militares), para citar apenas quatro, que este blog pode existir e o senhor pode estar dizendo estas sandices, sem ser preso, torturado, "suicidado" ou exilado".
Um leitor, cujo nome nome não vou citar, por questão de reciprocidade porque ele não citou o meu, embora estivesse se referindo ao meu texto, escreveu sobre a mesma matéria:
"Infelicitado o país em que um terrorista é admirado 38anos após ser morto em combate. Reproduzo uma pequena parte da notícia da Folha de São Paulo de 19/09/71, dois dias após ele ter sido demitido da vida, por justa causa:
"...O mesmo tribunal já o condenara a 30 anos de prisão, pelo sequestro de um caminhão do Exercito; e sua fuga do quartel de Quitauna, com armas, fôra punida com outros 24 anos de prisão.
Ele respondia ainda a diversos processos, inclusive os do assassínio do tenente PM Alberto Mendes Junior, em Registro, e do sargento da PE da Guanabara, Elias Santos"
Como podem observar, o que o leitor não fez, é que, em momento algum, demonstrei, explícita ou tacitamente qualquer admiração pelo Capitão Lamarca. Escrevi, tão somente, que suas ações de terrorista, como as de Dilma Roussef e Fernando Gabeira e tantos outros, contribuíram para o fim da ditadura militar.
Repito, não admiro o Capitão Lamarca pelos atos cometidos, como não admiro o Capitão Wilson Dias Machado que, em 01 de maio de 1981, praticaria um atentado (frustrado) à bomba, no Riocentro, ocasião em que morreu o sargento que estava a seu lado.
O leitor ainda comete outro engano ao escrever que o Capitão Lamarca, morreu em combate, acreditando, ingenuamente na história oficial que, como assinalou Fernando Caldeira em artigo neste blog, é sempre escrita pelos vencedores. O Capitão Lamarca não morreu em combate. Foi friamente assassinado pelo Major Cerqueira. (Abaixo, trecho da Revista Isto É de 28/2/2007:
Lamarca soube da morte da amada dias depois. Perdeu a vontade de prosseguir na luta. Já havia caminhado em fuga cerca de 300 quilômetros pelo sertão baiano, ao lado do companheiro José Campos Barreto, o Zequinha. Foi encontrado em 17 de setembro por uma patrulha comandada pelo major Nilton Cerqueira, depois deputado federal e secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Os comandantes torciam para que resistisse à prisão e não voltasse vivo. Contudo, de acordo com um militar que participou do episódio, as ordens do Centro de Informações do Exército eram para prendê-lo vivo. A idéia era mais tarde desaparecer com o corpo de Lamarca e vazar o boato na esquerda de que ele seria um agente infiltrado. Contudo, Cerqueira decidiu atender ao desejo da tropa.
O capitão da guerrilha estava desanimado, fraco, desnutrido e doente. Foi encontrado dormindo debaixo de uma árvore. Zequinha ainda tentou reagir; morreu na fuga. Lamarca ficou no chão. O major e o capitão mantiveram então um rápido diálogo. Cerqueira indagou pelo nome: “Capitão Carlos Lamarca!”, identificou-se. A seguir perguntou onde estariam sua mulher e filhos: “Em Cuba”, respondeu. A última das perguntas: “Você sabe que é um traidor do Exército brasileiro?” Lamarca não respondeu, segundo Cerqueira. De acordo com um militar que acompanhou os acontecimentos, a desfeita de Lamarca teria sido pior. Balançou os ombros e braços, no gesto de quem quer dizer “e daí?”, e tentou se levantar dando as costas à patrulha. Terminou fuzilado no chão, aos 33 anos, pelo major Cerqueira. Segundo a autópsia, no estômago e nos intestinos do capitão Lamarca só havia capim.
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