
Sei lá quem definiu o hipocondríaco como o sujeito que passa todos os dias pela farmácia e pergunta: Algo novo da Bayer ? Não sei como se chama o sujeito que passa pela livraria e pergunta: Algum dicionário novo ?
Este sujeito era meu pai (1917-1972). Ele possuía todo tipo de dicionário que existia no Brasil: O Dicionário Tradicional, de Sinônimos, de Rimas, de Mitologia Greco-romana, de Citações... e qualquer outro que existisse na livraria do Batalha, seu amigo de longa data.
Um dia resolveu dar uma de Professor Ludovico e decidiu inventar um Dicionário de Palavras Cruzadas. Era um dicionário ao contrário, ou seja, em vez de grafar, por exemplo: calças – peça única de roupa masculina ou feminina, seria grafado peça única de roupa masculina ou feminina – calças.
Eu não tinha idade suficiente para perceber a bobagem daquela idéia, mas sua irmã mais velha tinha e reclamou:
- Meu irmão, você não percebe que vai tirar toda a graça de quem faz palavras cruzadas ?
Toda a vez que eu não sabia o significado de alguma palavra e lhe perguntava, ele dizia:
- Pega na estante o Pai dos Burros.
E, juntos, líamos o texto de letras pequenas, curtindo cada minuto. Que saudades !
Felizmente ele não era o Seu Rodrigues do Artur Azevedo.
(A foto é de 1923 – Meu pai, o primeiro à direita, com seus irmãos)
Um dia resolveu dar uma de Professor Ludovico e decidiu inventar um Dicionário de Palavras Cruzadas. Era um dicionário ao contrário, ou seja, em vez de grafar, por exemplo: calças – peça única de roupa masculina ou feminina, seria grafado peça única de roupa masculina ou feminina – calças.
Eu não tinha idade suficiente para perceber a bobagem daquela idéia, mas sua irmã mais velha tinha e reclamou:
- Meu irmão, você não percebe que vai tirar toda a graça de quem faz palavras cruzadas ?
Toda a vez que eu não sabia o significado de alguma palavra e lhe perguntava, ele dizia:
- Pega na estante o Pai dos Burros.
E, juntos, líamos o texto de letras pequenas, curtindo cada minuto. Que saudades !
Felizmente ele não era o Seu Rodrigues do Artur Azevedo.
(A foto é de 1923 – Meu pai, o primeiro à direita, com seus irmãos)
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