quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Trem da inovação, por Tasso Azevedo


ECONOMIA


Tasso Azevedo, O Globo
No mesmo dia em que foi adiado pela terceira vez o leilão do trem de alta velocidade que ligaria SP-RJ (412 km) em uma hora e meia com velocidade de até 350km/h, foi lançado nos EUA o projeto do Hyperloop, uma espécie de trem encapsulado que poderia atingir 1200 km/h ligando São Francisco a Los Angeles (580 km) em pouco mais de 30 minutos, sendo alimentado exclusivamente por energia solar captada na própria estrutura que sustenta o trem.
Outras propostas de sistemas de transporte de altíssima velocidade e baixa energia já foram apresentadas, mas o que torna esta iniciativa particularmente especial é o empreendedor por trás dela.
O líder da equipe proponente do projeto é Elon Musk, um multi-empreededor de origem sul-africana, que aos 42 anos já tem no currículo a criação do PayPal (sistema de pagamento eletrônico), a Space X (única empresa privada a conseguir realizar missões espaciais acoplando na estação espacial internacional), SolarCity (energia solar) e Tesla Motors (fabricante de carros elétricos).

Elon Musk

Elon e sua equipe estavam muito desapontados com a proposta do governo da Califórnia de implantar um trem-bala ligando as duas cidades, que custaria US$ 60 bilhões e operaria a cerca de 250 km/h. Consideravam o projeto muito caro, lento e pouco sustentável.
Há cerca de um ano, como forma de contraponto à ideia, Elon se propôs a elaborar uma proposta de um meio de transporte que fosse significativamente mais rápido, seguro, barato e sustentável. Ao apresentar o projeto conceitual em plataforma aberta (ou seja outros podem fazê-lo) Elon indicou um custo de 6 bilhões e metade do prazo para construção (incluindo o tempo para desenvolver as inovações) se comparado com o trem-bala proposto pelo governo.
Os críticos da iniciativa já indicam que não poderiam arriscar uma nova tecnologia que ainda nem existe em forma física pois precisam ter segurança de oferecer o transporte à população.
Mas a história de inovação do Elon lhe dá crédito. Fundou a Tesla em 2003 já focada em veículos exclusivamente elétricos que eram estigmatizados como caros, pesados, lentos e de limitadíssima autonomia, literalmente um mico.
Em 2013 o segundo modelo da empresa, um sedã médio, foi considerado o melhor carro do mundo, entre todos os modelos de todas as marcas.
Neste período a Tesla recebeu em 2008 um financiamento de meio bilhão de dólares do governo americano, que já pagou com 9 anos de antecedência.
Para nós uma constatação: a sustentabilidade é um enorme propulsor da inovação que é absolutamente fundamental para o desenvolvimento social e econômico.

Tasso Azevedo é engenheiro florestal.

Um comentário:

Alberto disse...

Poderíamos trocar o Sr. Musk pelos patronos de nosso trem bala.
Mataríamos dois coelhos com uma cajadada.
Nosso trem seria uma realidade e certamente em 3 meses os meliantes seriam encarcerados nos EEUU.