terça-feira, 13 de agosto de 2013

Modernização do FMI para dar mais voz aos emergentes ainda não avançou - Miriam Leitão



O Brasil quer ter mais peso nas decisões do FMI, mas encontra algumas barreiras, entre elas, os EUA. O governo brasileiro tem colocado muita energia nessa discussão da reforma do Fundo para que os votos dos países em desenvolvimento tenham mais peso; hoje, só se aprova alguma coisa no Fundo se os EUA, que têm quase 17% das cotas, concordarem.
Em 2010, houve um movimento nesse sentido: algumas cotas foram passadas para países emergentes: a China virou o 10ª maior cotista, e o Brasil saiu de 1,7% para 2,32% dos votos. Mas isso ainda não está valendo.
Está na hora de discutir a segunda etapa desse processo de transferência do poder de voto, mas ainda não está valendo a primeira mudança, de 2010, porque não passou ainda pelo Congresso americano.
Portanto, esse esforço de modernização do FMI, para que ele represente mais o pensamento do mundo atual, não avançou, porque o Congresso americano não aprovou nada ainda.
Já a Europa está sobrerepresentada no Fundo, tem mais poder do que deveria ter, levando-se em conta o seu tamanho na economia mundial. Fica, então, um mundo estranho. A Europa, que está numa crise profunda e perdendo participação no PIB global; e os EUA, ainda em recuperação, não querem mexer em nada.
Essa forma de organizar o poder no FMI foi decidido na Segunda Guerra, quando EUA e Europa tinham bem mais poder, e a China era pequena.
A má notícia, portanto, é que nem a primeira etapa desse processo de transferência de voto aconteceu. E os EUA já informaram ao governo brasileiro que não vão mexer na segunda etapa, porque estão querendo evitar o Congresso.
O Brasil quer mais poder de voto, mas como vota o Brasil? Outro dia, numa votação envolvendo a Grécia, o representante do país no Fundo votou de um jeito diferente do que o governo brasileiro gostaria de que ele votasse. O ministro Mantega, então, comunicou ao FMI que discordava do voto; depois, Paulo Nogueira Batista veio ao Brasil e os dois conversaram. O país quer ter mais poder de voto no FMI, e isso faz sentido. Mas tem que saber também para que ele quer esse poder.

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