ECONOMIA
Rodrigo Botero Montoya
A atividade econômica desacelerou a nível global. Assim confirmam os indicadores relevantes e as avaliações dos organismos internacionais. Não parece previsível que esta situação se modifique de imediato.
Os principais países industrializados vão precisar de vários anos mais para se sobrepor aos estragos causados pela crise financeira de 2007-2008. A consequente desaceleração econômica na Europa e nos Estados Unidos transmitiu-se ao resto do mundo, embora nem sempre de forma sincronizada.
A mudança de fase da economia mundial afeta as nações emergentes com diferentes graus de intensidade. Põe em viés de baixa as perspectivas de crescimento a curto e médio prazos. Reduz a oferta de recursos financeiros externos.
Torna necessário revisar as premissas dos programas de desenvolvimento. Também apresenta uma segmentação em relação aos desempenhos dos diferentes países, dependendo da qualidade de suas políticas públicas.
Durante os anos de pico dos preços das commodities, os governos dos países emergentes puderam mostrar bons resultados econômicos, inclusive aqueles com grandes desajustes financeiros.
Dependendo da natureza das matérias-primas e de sua importância dentro do total das exportações do país respectivo, o impulso refletido nos termos de troca contribuiu com entre 0,6% e 1% do PIB ao ritmo anual de crescimento. Substituir esse estímulo tomará tempo.
A época de bonança foi permissiva com os regimes que se omitiram em relação à restrição orçamentária, comportamento que caracteriza o populismo latino-americano. A nova situação internacional acentua as diferenças entre os países que foram prudentes durante a conjuntura favorável, mas transitória, dos preços internacionais em alta, e os que a utilizaram para privilegiar o consumo e o gasto público.
O comportamento das economias asiáticas se enquadra na perda generalizada de dinamismo. Após desfrutar de taxas de crescimento de dois dígitos, a China agora espera um ritmo da ordem de 7%. O novo governo está tentando reduzir o predomínio do setor exportador, enfatizando a expansão do mercado interno e a melhoria do nível de vida da população.
A Índia experimenta uma desaceleração significativa, com um crescimento projetado entre 4% e 5% em 2013. A queda do preço das matérias-primas levou a Austrália a reduzir suas expectativas de crescimento a 2,5% ao ano.
Na América Latina, as novas circunstâncias se refletem em menores taxas de desenvolvimento para Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru. Com a exceção do Brasil, a desaceleração econômica desses países tem lugar num contexto de baixos níveis de inflação.
Os desacertos das políticas macroeconômicas de Venezuela e Argentina põem em evidência sua enorme vulnerabilidade a choques externos. Não se deve subestimar a magnitude do impacto da conjuntura internacional sobre as perspectivas das economias latino-americanas. Os governos têm menor margem de erro. Mas a evidência sugere que algumas das feridas são autoinflingidas.
Rodrigo Botero Montoya é economista e foi ministro da Fazenda da Colômbia.
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