sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O PT depois do julgamento do mensalão (Editorial)


Enviado por Ricardo Noblat - 
3.1.2013
 | 16h09m

O Globo
Definidas as condenações do “núcleo político” da Ação Penal 470, espíritos inconsequentes dentro do PT entenderam levar a limites indesejáveis a solidariedade a companheiros pilhados em crimes contra o estado de direito, e passaram atacar o STF.
Podem ser compreensíveis declarações impensadas sobre o Poder Judiciário feitas por quem se considerava pairar sobre a Constituição, mas terminou obrigado a passar uma temporada atrás das grades. Porém, entra-se em zona de perigo quando se tenta mobilizar o partido contra um dos poderes da República.
É bastante provável que haja quem considere que o apoio nas urnas dê uma espécie de passe livre a partidos e políticos para atuarem à margem da Carta. Grave engano.
Tampouco os bons propósitos “sociais” do homem público os isentam de cumprir a lei, sob o risco de acontecer o que aconteceu, pois, felizmente, as instituições republicanas brasileiras já se encontram num estágio avançado de consolidação e funcionam como anticorpos contra projetos de poder personalistas.
O PT não é um bloco monolítico — como nenhum dos grandes partidos brasileiros. E, assim, começam a ser ouvidas vozes sensatas, preocupadas com o risco da aventura de se usar o partido como centelha de uma crise política séria, na defesa de mensaleiros condenados num julgamento exemplar.
Ninguém com a cabeça no lugar deseja esta crise. A começar pela presidente Dilma, cuja agenda de desafios é enorme, e tem mais o que fazer do que enfrentar uma turbulência institucional criada fora do governo.
Representantes de duas gerações de petistas, Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, preocupados com o partido, abordaram de forma sensata o desfecho do julgamento. 


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