sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Impasse burocrático atrasa obras em ginásio do Flamengo


Clube alega que ainda não recebeu laudo pericial e, por isso, não pode mexer no local

  • Quarenta e oito dias após incêndio, perícia conclui que origem foi acidental
  • Centro de treinamento está do mesmo jeito há 50 dias e não há previsão para o início das reformas

Ginásio do Flamengo tomado por escombros: clube aguarda liberação da Polícia para reformar o local, atingido por um incêndio Foto: Carolina Oliveira Castro
Ginásio do Flamengo tomado por escombros: clube aguarda liberação da Polícia para reformar o local, atingido por um incêndio Carolina Oliveira Castro
RIO - O que já foi o celeiro de grandes ginastas como Jade Barbosa, Diego e Daniele Hipolito, hoje mal lembra os tempos de glória. Ao invés de argolas, há ferro retorcido, no lugar de colchonetes para acrobacia, muita poeira e fuligem. O berço de ginastas, agora, só cria mosquitos. Atingido há 50 dias por um incêndio, o ginásio Claudio Coutinho, na sede do Flamengo, na Gávea, está do mesmo jeito desde então.
Um impasse entre a Polícia Civil e o Flamengo está dificultado o começo das obras. O clube alega que não começou a mexer no ginásio porque o local ainda não tinha sido liberado pela polícia. Segundo a nova gestão, que herdou o prejuízo da administração anterior, nenhum tipo de documento tinha sido entre entregue a eles até a noite desta quinta-feira.
- O clube não recebeu qualquer notificação oficial da delegacia. Buscamos uma posição, mas ainda não nos passaram o laudo da perícia. Portanto, ainda não podemos fazer nenhuma alteração física no ginásio. De nossa parte, já acionamos o seguro e estamos tomando todas as precauções para prevenir os sócios de qualquer risco - disse o gerente executivo do Fla-Gávea, Clément Izard, antes de receber o documento liberando o ginásio. Clément, acrescentou que o clube tem feito dedetizações constantes no local e larvicidas têm sido jogados nos locais de água parada com o intuito de evitar a dengue.
A Policia Civil disse ter recebido, nesta quinta-feira, pela manhã, o resultado do laudo feito pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Nele consta que o incêndio, que destruiu um terço do ginásio, não foi criminoso. Segundo o documento, o fogo 'teve origem acidental através da incidência de partículas incandescentes oriundas do processo de soldagem nas estruturas das arquibancadas do parque aquático depositadas sobre a espuma armazenada no interior do ginásio'. O Flamengo disse que apenas no começo da noite teve a liberação do local e, por meio de nota, que 'com o Ginásio Cláudio Coutinho liberado o Clube de Regatas do Flamengo iniciará a limpeza e retirada do entulho remanescente do incêndio."
O prazo dado ao clube era de que o laudo ficaria pronto 30 dias após a pericia, que foi realizada no dia 1º de dezembro do ano passado, dois dias depois do incêndio. Segundo a assessoria do clube, o prazo para que o Instituto Carlos Éboli chegasse a alguma conclusão passou para 45 dias, mas eles afirmam que ainda não receberam uma comunicação oficial de liberação do prédio, três dias após a data limite.
No dia do incêndio, que aconteceu na manhã do dia 29 de novembro de 2012, quatro dias antes da eleição de Eduardo Bandeira de Mello, a então presidente Patricia Amorim descartou a possibilidade do fogo ter começado por causa da obra. Porém, frequentadores do clube chegaram a afirmar que viram faíscas caírem sobre os colchões de espuma, que as ginastas usavam para treinar saltos.
- A obra não estava funcionando na hora do incêndio - afirmou ao GLOBO, na época, a então presidente do clube, Patricia Amorim.
Na ocasião, a possibilidade do incêndio ter sido criminoso foi levantada. Um vídeo, que foi entregue à policia, mostrava um homem de mochila entrando no ginásio e deixando uma coisa cair. Logo em seguida, ele saía apressado e o fogo se iniciava. A então diretoria chegou a levantar a possibilidade de ser um ataque politico.
Ginastas podem ficar sem CT
O ginásio do Flamengo era considerado o segundo melhor centro de treinamento de ginástica do Rio, atrás apenas do Velódromo. O local tinha seguro, mas o dinheiro só poderá ser liberado após a conclusão do inquérito policial. Como havia a possibilidade do incêndio ter sindo criminoso, o que significava que a seguradora não cobriria, o liberação da verba estava diretamente ligada ao laudo da perícia. O Flamengo tinha acabado de modernizar o ginásio com uma obra que custou cerca de R$ 700 mil, sendo que R$ 300 mil foi dado pelo Comitê Olímpico Brasileiro, que serviram para comprar aparelhos. Parte desse equipamento não foi perdido, porém eles estão 'presos' junto com os que foram queimados dentro de ginásio. Com a impossibilidade legal de mexer no local os aparelhos novos foram cobertos por um pano grosso mas estão à merce da chuva, já que o prédio tem buracos no teto. O clube disse a seguradora já estava acionada desde o início do ano e realizará um estudo de prejuízo. Porém, a nova administração ainda está arrumando as finanças e não tem um projeto especifico para o CT.
Os ginastas profissionais do Flamengo estão treinando no Velódromo da Barra, que deve ser demolido pela prefeitura no primeiro trimestre desse ano. Se o ginásio Claudio Coutinho não for reformado a tempo, a cidade olímpica perderá os seus dois grandes centros de treinamentos do esporte e ginastas de ponta, como Diego Hipolito, Daniele Hipolito e Jade Barbosa, terão que procurar outro lugar para treinar.


2 comentários:

Alberto disse...

Isto acontece no Brasil todos os dias em decorrência da burocracia esclerosante de nossas autoridades.
A sensação da notícia decorre da vítima ser o Flamengo, a maior caixa de ressonância do país.

Symphronio de Labuquer disse...

Esse negócio de giástica olímpica é frescura inventada pela Patricinha que em boa hora foi chutada. O Flamengo é clube de futibol e, muito vagamente, clube de regatas. Não tem nada de ser outra coisa.Que a família Hipólito vá bater em outra porta do COB, em vez de estar sendo pagos e regiamente - com a grana dos jogadores de futibol!!