quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Famílias ameaçadas de despejo invadem Instituto Lula em SP



  • Cerca de cem pessoas que vivem em assentamento e apoiadores estão no prédio
  • Eles querem que ex-presidente peça a Dilma Rousseff para desapropriar o terreno

Moradores do Assentamento Milton Santos, de Americana, interior de SP, invadiram a sede do Instituto Lula
Foto: Michel Filho / O Globo
Moradores do Assentamento Milton Santos, de Americana, interior de SP, invadiram a sede do Instituto Lula Michel Filho / O Globo
SÃO PAULO - Cerca de cem pessoas que vivem no assentamento Milton Santos, de Americana, interior do estado, e estão ameaçadas de despejo, invadiram o Instituto Lula, no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. A Polícia Militar, que está no local desde as 7h30m, disse que não houve confrontos. Eles ocupam o jardim e uma área interna do prédio de dois andares, mas não chegaram a invadir as salas. Quatro apoiadores do movimento estão fazendo greve de fome, acorrentados à Secretaria da Presidência da República em São Paulo.
Há faixas e camisetas colocadas no muro, com dizeres como “na lei ou na marra” e “assina Dilma!” . Lula não foi ao Instituto nesta quarta-feira. Um grupo foi atendido pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que pediu que se retirassem. Foi descartado, por enquanto, pedir à Polícia Militar a desocupação do local. Dos 25 funcionários, parte foi dispensada do trabalho.
Segundo Paulo Albuquerque, de 39 anos, eles ficarão acampados até sair uma resposta do governo. Das cem pessoas, 50 são do assentamento e 50 são apoiadores. O despejo está previsto para ocorrer daqui a uma semana. O terreno fica entre as cidades de Americana e Cosmópolis.
“Viemos fazer um apelo ao Lula. Foi durante o governo dele que a gente foi assentado. Queremos continuar lá e retomar nossa produção. Não vamos danificar nada porque nosso movimento é pacífico”, diz ele.
O diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, disse que Okamotto telefonou para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, para informá-lo sobre a invasão. E soube que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já entrou com recurso na Justiça para tentar impedir o despejo.
- A negociação tem de se dar entre o movimento e o governo - disse Dulci. Ele afirmou ainda que como o Instituto Lula é uma Ong não cabe intermediar a negociação - O Instituto não vai interferir nesta matéria, já que a negociação está aberta e os órgãos competentes estão atuando. Se queriam dar visibilidade à causa, talvez já tenham conseguido o seu objetivo - falou Dulci.
Com a venda de legumes e hortaliças, cada família consegue cerca de um salário mínimo e meio de renda mensal..Os representantes do assentamento querem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interceda por eles junto à presidente Dilma Rousseff, para que ela assine um decreto de desapropriação por interesse social e evite a desocupação.
Rose dos Santos, de 29 anos, que mora com o marido, dois filhos e um enteado, diz que há pessoas que não conseguem mais dormir à noite, temendo a reintegração. - Quando a gente ouve o barulho de uma sirene pensam que chegou o dia. Tem gente que não dorme mais - conta ela.


 

Um comentário:

Alberto disse...

Normalmente uma ação de despejo é concedida pela justiça para defender os interesses do proprietário contra o uso não autorizado de seu imóvel.
Em países civilizados a intervenção do governo só é admitida se ele for uma das partes litigantes.
Em se tratando da casa da Mãe Joana nunca sabemos se a justiça será preservada.