quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Cara ou Coroa - Alberto del Castillo


CARA

Uma das faces da moeda se chama “Django Livre” obra de Quentin Tarantino.
O diretor, descendente autêntico de Shakespeare no cinema moderno, mantém sua abordagem de temas polêmicos onde, apresentando os dois lados de um debate, deixa as conclusões por conta do espectador.
Os diálogos magistralmente construídos transmitem uma dramaticidade despojada de efeitos acessórios (sonoros ou visuais). A tensão crescente das discussões tem como válvula de segurança cenas de extrema violência para aliviar a pressão psicológica gerada pelos debates mal resolvidos.
A eterna luta do bem contra o mal, da vida contra a morte, do amor contra o ódio é o foco central desta e de todas as obras de arte criadas pelo homem.
Rotular este filme como antirracista ou não, é ter uma visão estreita da abrangência das forças em choque neste Tarantino.
O racismo é reduzido à sua real insignificância quando é evidenciado que a maldade partindo de brancos ou negros tem como objetivo,indistintamente, brancos ou negros, dependendo apenas da busca pelo poder ou ganhos materiais.
Ao lado das aberrações das relações escravo e senhor, as maiores crueldades do filme têm como origem e destino gente da mesma cor.
O período imediatamente antes da Guerra Civil está retratado como uma bomba relógio pronta para ser explodida pela desagregação social da época.



COROA

A outra face da moeda se chama “Lincoln” obra de Steven Spielberg.
O diretor, um dos líderes da geração Três Mosqueteiros, juntamente com Coppola e Scorsese, tem um leque de realizações variando de filmes de aventura, ação, dramas etc.
A ação se desenvolve a partir da reeleição do presidente até sua morte. O filme mostra o drama do exercício do poder em época de crise profunda da sociedade.
É importante saber que antes da reeleição o Presidente Lincoln estava praticamente derrotado pelo impasse da guerra civil onde nenhuma vitória fora alcançada por vários meses.
Neste período o partido de Lincoln queria aprovar a emenda abolicionista, mas o candidato fragilizado não queria arriscar mais uma polêmica.
As vitórias no Mississippi e na Geórgia viraram o jogo e Lincoln saiu vitorioso.
Mesmo reeleito a pressão por negociar a paz com o sul aumentou e Lincoln só admitia rendição incondicional para evitar que suas medidas fossem rejeitadas por novos governos confederados. Agora o presidente defendia com unhas e dentes a emenda da libertação dos escravos e a Câmara ofendida por sua mudança de posição fazia uma oposição ferrenha.
Neste momento vemos a implantação do mensalão americano. A operação montada por Lincoln tinha seu Zé Dirceu e seu Valério para comprarem os votos do Congresso.
A operação de lá assim como a daqui foram bem sucedidas com uma ressalva.
Lá o Lincoln foi assassinado e os bandidos ficaram livres e aqui os bandidos foram condenados e o Lula está livre.
A atuação de Daniel Day-Lewis como Lincoln é digno do Oscar de melhor ator de todos os tempos.
O filme é magnífico.
Na cara ou coroa sugiro que levem as duas.

Nenhum comentário: