Analistas ressaltam Romney menos belicista e mais próximo do centro
RIO - Os três debates já se foram, e faltam duas semanas para as eleições do dia 6 de novembro. Pesquisas e análises deram ao democrata Barack Obama a vitória no terceiro embate de segunda-feira, sobre política externa. Segundo a CNN, 48% dos eleitores consideraram Obama o grande vencedor da noite, contra 40% que declaram Mitt Romney o vitorioso. Na pesquisa da rede CBS, com 521 eleitores indecisos a vitória de Obama foi por uma margem maior: o presidente obteve 53% contra 23% de Romney, enquanto 24% viram um empate entre os dois candidatos.
Obama se mostrou combativo no debate de segunda-feira, diante de um Romney defensivo, provavelmente desconfortável com o tema de política externa, um de seus pontos fracos. O candidato republicano se voltou para o centro e se afastou dos ideiais da ala mais conservadora do partido. Segundo o “New York Times”, as expressões de Romney e seu apoio pelas mulheres no exterior fizeram Obama parecer quase um republicano linha-dura.Apesar da vantagem na pesquisa da CNN, a enquete apontou empate técnico entre os dois candidatos, já que a margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A sondagem da CBS tem margem de erro de quatro pontos.
- Bom, minha primeira tarefa como comandante é manter o povo americano salvo - disse o presidente Obama para o moderador do debate, Bob Schieffer.
O “New York Times” foi duro nas críticas ao candidato republicano à Casa Branca. O jornal americano disse que Romney foi incoerente, e muitas vezes chegou a parecer perdido. O britânico “Guardian” seguiu o mesmo tom e disse que o ex-governador de Massachusetts parecia “incerto”.
“Mitt Romney não tem nada realmente coerente ou significativo a dizer sobre políticas domésticas, mas ao menos ele consegue soar energético e confiante. Sobre política externa, o assunto do último debate presidencial de segunda-feira, ele tinha poucas coisas coerentes a dizer e pareceu completamente perdido diversas vezes. Isto porque ele não tem ideias originais sobre a maioria dos assuntos do mundo, incluindo Síria, Irã e Afeganistão”, dizia o editoral do “New York Times”.
O “Washington Post” também destacou a postura mais conciliadora de Romney. O republicano deixou passar diversas oportunidades de criticar Obama para destacar pontos em comum com seu rival:
“Ao invés de oferecer uma visão diferente do papel dos EUA no mundo, Romney tentou na maioria das vezes se afastar do presidente transformando o debate sobre política externa em um sobre questões domésticas”, escreveu Scott Wilson, correspondente do “Post” na Casa Branca.
O site Politico.com foi outro que ressaltou a postura de Romney, menos belicista, de segunda-feira. Em matéria intitulada “Romney: Eu vim em paz”, o portal lembra que o republicano suavizou seu discurso sobre o Irã e mal mencionou o ataque ao consulado americano na Líbia, que acabou na morte do embaixador Chris Stevens.
- Nós queremos um planeta pacífico. Queremos que as pessoas sejam capazes de aproveitar suas vidas e de saber que estão indo em direção de um futuro próspero, não queremos estar em guerra - disse Romney, durante o debate.
Alguns analistas, no entanto, se questionam de que forma o debate de segunda-feira pode de fato mudar o quadro das eleições americanas, uma das mais disputadas dos últimos tempos. Na segunda-feira, duas pesquisas divulgadas horas antes do embate entre Obama e Romney mostrava os dois empatados. Na sondagem da NBC/Wall Street Journal divulgada no domingo, ambos aparecem com 47% dos prováveis eleitores; e na pesquisa diária da Reuters/Ipsos de segunda-feira, com 46% das intenções de votos. No último levantamento de ambos os institutos, Obama aparecia na frente.
Nesta terça-feira, os candidatos retomaram a estrada com foco nos estados ainda sem definição de candidato, considerados chave para a vitória presidencial. Obama tem comícios na Flórida e em Ohio, onde se reunirá com o vice-presidente Joe Biden. Enquanto isso, Romney viaja para Nevada e Colorado com seu colega de chapa, Paul Ryan.
Um comentário:
A utilidade destes debates numa democracia esclarecida é mínima.
Todos dizem o que agrada aos eleitores alvo. Raramente pescamos alguma afirmação sincera e reveladora.
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