quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Lula carregou seu segundo poste - Elio Gaspari



Lula levou seu poste ao segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo. Apesar de a eleição ter ocorrido enquanto o Supremo Tribunal Federal julga um dos maiores escândalos políticos da história nacional, o PT saiu da rodada inicial como o partido mais votado nos municípios, com 17,3 milhões de votos (um crescimento de 4%), elegendo 624 prefeitos, 12% a mais que em 2008. Levou oito das 83 cidades com mais de 200 mil habitantes que fecharam a conta.
Isso num dia em que o ministro Joaquim Barbosa era festejado na seção onde votou. “Cana neles”, disse-lhe um eleitor. Seu colega Ricardo Lewandowski, adversário no julgamento do mensalão, entrou pelos fundos. O comissário José Dirceu, depois de ter trocado de endereço, chegou acompanhado por uma centena de companheiros parrudos.
O PMDB continua sendo o partido com maior número de prefeituras (1.025), mas, pela primeira vez, perdeu na soma dos votos. O PSDB elegeu 693 prefeitos com 13,9 milhões de votos, perdendo 13% dos municípios e 4% dos votos.
Qualquer projeção de resultado eleitoral com base em resultados do primeiro turno é uma ousadia aritmética e as especulações nacionais a partir de números municipais são exercícios de quiromancia.
Os números de domingo fixam três personagens vitoriosos: o mineiro Aécio Neves, o pernambucano Eduardo Campos e o carioca Eduardo Paes, mas falta São Paulo.
Se Nosso Guia eleger Fernando Haddad, sairá desta eleição maior do que entrou. Se perder, pobre Lula. Assim como ninguém poderá dizer que o PT perdeu a eleição tendo vencido em São Paulo e saído do pleito com mais de 14 milhões de votos, os companheiros terão dificuldade para cantar vitória tendo perdido também em Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.

Um comentário:

Alberto disse...

As pesquisas científicas mais recentes nos ensinam que as relações entre causa e efeito nas ciências exatas, naturais e sociais, são mais complexas do que supúnhamos nos séculos passados.
A Física Quântica, a Teoria do Caos etc, nos sugerem prudência nas conclusões baseadas em análise parcial dos dados disponíveis.
Dizer que o sucesso ou fracasso de Lula pode ser aferido na eleição de São Paulo é mera intuição, carecendo de fundamentos analíticos decorrentes da insatisfação ou não com os governantes locais, a responsabilidade no mensalão, quais as prioridades locais a serem atendidas,simpatia ou rejeição dos candidatos junto ao eleitor e acima de tudo uma eleição lastreada no maior número de indecisos registrados em nossa História Eleitoral.
Todo cuidado é pouco para não coroarmos o rei nu supondo que, sendo rei, suas roupas devem ser lindas.