terça-feira, 9 de outubro de 2012

O bode expiatório - Paulo Guedes




De onde menos se espera... é que não vem nada mesmo. Sim, estou falando dos votos de Lewandowski. Por seu conhecimento especializado, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) tem o direito de votar como bem entender no julgamento do Mensalão.
Mas nós, cidadãos, desprovidos desse conhecimento, temos também o direito à nossa interpretação quanto ao que está fazendo o ministro.
Lewandowski absolveu toda a cúpula dirigente do PT envolvida no escândalo de corrupção: o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, o ex-presidente do partido, José Genoino, e o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

 

Confirmaram-se as piores suspeitas levantadas pelo arguto observador político Merval Pereira, ainda no início do histórico julgamento: “De minha parte, espero ter me precipitado ao afirmar que Lewandowski agia de modo a ajudar os réus políticos, especialmente os petistas. Vamos aguardar para ver como distribuirá sua justiça.”
Não, meu caro Merval, você não se precipitou. Apenas avaliou corretamente os primeiros indícios da atuação do ministro.
Temos os mais legítimos interesses no aperfeiçoamento de nossas instituições democráticas. O julgamento do Mensalão é um momento decisivo nesse processo. Com a condenação de representantes do Executivo pela compra de apoio parlamentar, os ministros do STF demarcam agora a independência do Poder Judiciário. É um passo importante para a erradicação de degeneradas práticas políticas.
Lewandowski admitiu que “houve crimes graves, e quem os cometeu vai ter de pagar”. Condenou publicitários, banqueiros e políticos dos demais partidos como corruptos e corruptores.
Mas, no Mensalão, o que nos interessa é o julgamento de um atentado contra a independência dos poderes de um regime democrático. Aqui reside a questão fundamental de interesse público: a condenação da compra de apoio parlamentar pelo antigo núcleo político do governo.
Os votos de Lewandowski transformam-se, portanto, numa brutal, expiatória e inverossímil acusação ao tesoureiro Delúbio Soares, tornando-o inteiramente responsável por toda a condenável manobra de articulação suprapartidária ora em julgamento. Prevalece a forma sobre o conteúdo.
Mas quem vai julgar Lewandowski é a História de uma Grande Sociedade Aberta em construção.

3 comentários:

Clara disse...

Pelo olhar dele que se vê nas fotos, de soslaio como que se escondendo daquilo que todos sabem, o julgamento das suas ações começa na sua própria mente. Mas, com as vantagens que deve estar levando (sem trocadilho), vai ser fácil deitar a cabeça no travesseiro. Bobos somos nós que acreditamos que os justos prevalecerão e os ímpios serão punidos.

carlos eduardo alves de souza disse...

Bom o comentário de Paulo Guedes que, ao menos desta vez, desceu do Olimpo para se aproximar de seus leitores - e o fez bastante bem. De fato, esse sinistro "Levagranosky", como há quem assim o chame, excedeu-se no cumprimento do dever que Lula lhe impôs. Com isto, sai do episódio mais que chamuscado e terá uma fímbria de chance de reabilitar-se quando se der o julgamento do mensalao do PSDB mineiro.Ali ele deverá mostrar seu zelo por provas materiais, reais e absolutamente conclusivas para condenar ou, na sua falta, absolver - como fez com Dirceu e Genuino - o lado político daquele escândalo. Enquanto isto aprenderá a viver escondido, medroso e envergonhado do sinistro papel a que o obrigou Lula.

Anônimo disse...

Não esperava nada diferente deste fariseu, sempre à serviço de seu mestre de nove dedos.
Oxalá os outros magistrados façam valer as leis, a justiça e o bom senso e condenem os canalhas Dirceu, Genoíno e Delúbio.
A pergunta que não quer calar é se algum destes Srs. verá o Sol nascer quadrado, como esperam todos com o mínimo de decência.
E que em seguida se abra processo contra o molusco sinistro.
Quanto ao mensalão mineiro, que se processe, condene e encarcere todo mundo que tiver a mão suja. Sem exceções.