Dilma é leal a quem, ao Lula ou ao Brasil? Profissionais da área psicológica (em voga no campo político) costumam afirmar que uma pessoa tem de ser fiel a si mesma para saber a quem dedicar sua lealdade.
Pelo seu perfil, ela colocaria o Brasil em primeiro lugar. Quer dizer, enquanto considerar a atuação de Lula como a melhor para o país, certamente será leal a ele. E se mudar de juízo? Não precisará trapacear, bastará lançar mão de uma cartada honesta: a sinceridade.
Por enquanto, publicamente, Dilma e Lula não diferem em ideologia. Apenas em estilo de governar. Mas nada têm em comum na forma de se expressarem. Quem não constatou ainda? A matéria de Demétrio Weber e Luiza Damé, no O Globo deste último domingo, expõe essas diferenças com palavras e números. Literalmente.
Quer ver? A presidente fez 266 discursos, pronunciamentos e declarações públicas em 18 meses de governo. Nos quais, usou a palavra “Brasil” 2.867 vezes. “Desenvolvimento”, 844 vezes; “mulher”, 763. “Lula”? Trezentos e uma.
Só para registrar. “PT” e “PMDB” ela citou duas vezes cada. “MST”, somente uma.
Só para registrar. “PT” e “PMDB” ela citou duas vezes cada. “MST”, somente uma.
Já os temas que predominaram foram: crescimento econômico, enfrentamento da crise financeira internacional e inclusão social. Com destaque para erradicação da miséria, melhoria da educação e da saúde.
Sem culto a personalidade, Dilma agrada em particular quando inclui o esforço dos próprios brasileiros nas conquistas sociais. Quando parece mais preocupada com o país do que, por exemplo, em propagar o refrão lulista “nós contra eles”.
Outra coisa. No momento, uma comissão da verdade revolve os subterrâneos da ditadura, de onde emerge de fato (não mais como propaganda eleitoral) a história da jovem guerrilheira. E daí? Talvez o embaraço de Dilma para se expressar oralmente seja uma sequela da tortura.
A impressão é que devido ao acúmulo de experiências e informações, somado a um raciocínio muito rápido, ela tenha dificuldade de verbalizar seu pensamento. De sintetizá-lo oralmente. Ou seja, continua misteriosa.
Não lhe falta inteligência (pelo contrário) para saber que foi usada pelo ex-presidente quando a lançou como sua sucessora. Ele precisava dela. Então... Lula é quem lhe deve!
Aí entra a lealdade de novo. Dilma mostrou coragem e do que era capaz para defender suas ideias na juventude. Agora, adulta e amadurecida, após um aprendizado fora de série, o que imagina e pretende como projeto para o Brasil? A quem pertence a lealdade da verdadeira Dilma Rousseff?
Ateneia Feijó é jornalista
Um comentário:
Dilma e Lula não são a mesma pessoa.
Em política a lealdade está presente quando a relação custo-benefício for compensadora.
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