O governador Jacques Wagner (foto), a quem cabia comandar o processo com serenidade, não teve habilidade política para evitar o enfrentamenti e nem tolerância para conduzir as negociações e evitar o impasse. Mostrou-se intransigente, falou grosso tipo prendo e arrebento, e acabou tendo que chamar tropas do Exército para reprimir os amotinados, demonstrando fraqueza e criando um clima de beligerância. Quanto aos manifestantes, conseguiram cometer todos os excessos, transformando um pleito salarial legítimo em atentados à lei e à ordem pública, com a prática de atos inaceitáveis de violência e vandalismo, além de desvirtuarem o movimento, politizando-o e tentando estendê-lo a outros estados (não há dúvida de que a greve da polícia no Rio teve como estí,ulo o exemplo baiano).
Finalmente, os grevistas abandonaram o prédio da Assembleia Legislativa de Salvador, onde, cercados, resistiam. Foi uma rendição, uma derrota até certo ponto humilhante, ainda que a greve continue. Nesse tipo de confronto, no entanto, em que a reivindicação social vira caso de polícia, a vitória obtida pela força não pela conversa, não costuma compensar. Ela deixa abertas feridas de mágoa e ressentimentos que custam a cicatrizar. E não é saudável para a sociedade ter seu sistema de segurança alimentado pelo sentimento de frustração e pelo desejo de vingança da tropa. A pacificação e a reconciliação dependem de um gesto de grandeza de quem aparentemente ganhou a guerra, o governo. Ele precisa agora fazer o mais difícil, que é, como se sabe, ganhar a paz.
Um comentário:
O senhor Ventura continua o mesmo.
Usa uma metralhadora giratória para demonstrar que todos são culpados mesmo sendo inocentes e vice-versa.
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