sábado, 25 de fevereiro de 2012

Fatura pela Vida - Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza



Primário, ginasial, clássico ou científico e faculdade. Não eram muitas as opções. Mas fosse qual fosse a escolha, o formando, bem preparado e dedicado ao que fazia, tinha todas as chances de uma vida bem sucedida. Estava formado.
Hoje, ninguém nunca está formado... Estudar e se atualizar é para o resto da vida. Não dá para dizer estou formado. Estamos é sempre em formação.
Quem me lê sabe que essas não são palavras vãs. E sabe que há uma profissão, mais que todas, na qual o cidadão começa a estudar na creche e vai continuar estudando até morrer – isto se quiser ser um médico e não um sujeito de jaleco branco.
O que ele investe em tempo e dinheiro não pode ser desprezado e não seria nem justo, nem humano, esperar que fosse trabalhar por dez reis de mel coado. Claro que não.
Sabemos que os médicos não podem atender a todos de graça, ainda mais com as armas que o avanço da tecnologia nos deu para combater as doenças, armas essas que custam pequenas fortunas. Esse sonho, a medicina AAA de graça para todos, é o Estado que nos deve e não os médicos.
Não tenho nenhum médico na família, esclareço desde logo. Quando digo que eles devem ser muito bem pagos é porque acho que a sua é a profissão mais importante de todas. Tenho pelos médicos o maior respeito e a maior admiração.
Que fique bem claro: não falo em missionários, mas em médicos. Em médicos, mas não em comerciantes da medicina. Não falo em donos de hospitais nem em donos de planos de saúde. Falo em médicos.
Copio um trecho do artigo de professora da UFRJ, Ligia Bahia, publicado em O Globo de 20/02/2012:
“(...) se verificará que um dos mais perversos elementos da privatização da assistência à saúde é a autorização do funcionamento de emergências que podem recusar assistência a pessoas com problemas graves e requerentes de socorro imediato. Há um consentimento tácito que legitima a seleção de pessoas segundo riscos contábeis e não de saúde”.
Esse é o cenário real do Brasil da Saúde Quase Perfeita, como bradou Lula mundo a fora. Será que ele ainda pensa assim? Será que o fel que está bebendo o fez mudar de ideia?
Vim aqui cobrar a fatura pelo voto que lhe dei em 2002: Lula, infelizmente, conheceu o horror de uma doença terrível. Pode imaginar o que isso significa para quem não tem suas condições. Sua primeira preocupação, antes de qualquer outra, deve ser transformar a saúde pública brasileira na perfeição que apregoou. Que diga à Dilma que é por aí, e que não fale em mais impostos.
Assistência à Saúde e Educação devem ser por conta do Estado. Dinheiro, há. E ele sabe que há.
Tudo mais pode (e deve) ser privatizado.
Você nos deve essa, Lula.

2 comentários:

Alberto disse...

O artigo é dirigido a crianças em fase de aprendizado dos métodos da lógica. Evidentemente não existe uma profissão mais importante que as outras. As sociedades são formadas buscando a colaboração de todos segundo sua capacitação para alcançar o bem comum.
Mais ridículo ainda é apresentar uma solução não fundamentada para um problema que atormenta o mundo sem que o maniqueísmo estado ou iniciativa privada tenha resolvido um problema que exige a composição adequada das duas visões para mitigar o problema da saúde.

Esculápio disse...

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Países como a Suécia onde o governo provê as necessidades básicas de saúde da população, sofrem grandes fugas de investidores e empresas devido a impostos exorbitantes.
Países defensores do mercado como os EEUU perceberam que sem o apoio do governo os pobres ficariam desatendidos.