terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

As Faces Ocultas da Crise - Paulo Guedes



A grande crise contemporânea presta-se a muitas interpretações. A especulação imobiliária dos financistas americanos são apenas suas faces mais visíveis. A demagogia e a irresponsabilidade financeira de uma obsoleta social-democracia europeia estão ainda camufladas  pela crise do euro. Mas a onda de empréstimos inadequados que foi disparada pela adoção da moeda continental, derrubando riscos de crédito soberanos sem distinção de fundamentos fiscais, foi apenas a etapa final de uma longa história de abusos orçamentários e finanças públicas insustentáveis.
Outra face oculta da crise é uma atuação disfuncional de importantes bancos centrais por mais de uma década, indiferentes quanto aos possíveis efeitos sobre os demais países. O Federal Reserve dos americanos e o Banco Central da China manipulam artificialmente preços críticos para a economia mundial, como suas taxas de juros e de câmbio, de olho exclusivamente na criação de empregos domésticos. Os americanos criam bolhas financeiras em série e os chineses roubam empregos em todo o mundo.Quando estouram as bolhas e surge o desemprego em massa, desaparecem as autoridades e responsáveis - e  a culpa é does mercados
Outra dimensão pouco explorada da crise são seus impactos assimétricos e perversos sobre as diferentes camadas da população. Grupos de interesses financeiros capturam e dirigem as autoridades nas operações sistêmicas de salvamento. No caso americano, as transferências de recursos públicos para o sistema financeiro em tempos de crise, a pretextp de salvar as economias de mercado de seus próprios excessos, contrastam com a desatenção às execuções de hipotecas de imóveis para classes de baixa renda e à incapacidade de pagamentos de empréstimos tomados por estudantes. Já no caso europeu, a exploração da taxa de desemprego entre jovens revela a crueldade e a inadequação de regimes trabalhistas e previdenciários que refletem ultrapassados interesses corporativistas.
Outra formidável deformação, pela enxurrada de liquidez promovida por bancos centrais de países desenvolvidos, é apercepção súbita de enriquecimento nos países emergentes. A explosão nos preços de produtos primários e uma avalanche de recursos financeiro sem resposta aos diferenciais de juros e de crescimento, valorizam suas moedas, embalando ilusões de riqueza enquanto destroem a competividade de suas indústrias.

4 comentários:

Alberto disse...

Bela demonstração da relação de causa e efeito entre as iniciativas dos agentes econômicos e a situação da economia global. Mesmo com fundamentos diversos na aplicação da teoria econômica, os defensores do mercado, a social democracia e a economia dominada pelo Estado foram incapazes de criar condições estáveis e sustentáveis para as relações econômicas globais.
A negociação é a palavra chave para o encaminhamento dos problemas atuais. Soluções definitivas não existem.Devemos estar atentos pois no jogo de perde e ganha, para diminuirmos as perdas os ganhos também deverão ser reduzidos.
No parágrafo final a ilusão de riqueza vivida pelo Brasil é desmascarada pela advertência das consequências do desemprego crescente a ser enfrentado.

Cremildes T. de Hond-Durass disse...

O blogueiro que me desculpe, mas esse Senhor Guedes, a quem não conheço (suponho que seja o nmesmo que escreve às segunda-feiras no GLOBO, acerca de quem ouvi dizer que se tornou muito rico) tem um texto absolutamente insuportávelm pelo pretensioso, pela erudição de fancaria, pela citação desencontrada de autores etc.
Mas, hoje, permitiu-me o prazer enorme de descobrir no texto aqui apresentado um erro de concordância absolutamednte primário, somente encontrável nos piores textos petistas:"A especulação imobiliária dos financistyas americanos são....!!!" Ah, seu Paulo, menas, menas...

Alberto disse...

Caro CTHD
Os erros de português por mais lamentáveis que sejam podem ser corrigidos sem discussão pois temos normas bem definidas.
Os problemas apontados pelo Paulo não têm soluções definitivas nos manuais de economia, devem ser debatidos.

Cremildes T. de Hond-Durass disse...

Tudo bem, Alberto, erro de português pode ser consertado, mas "impacto assimétrico", que raios quer isto dizer, além de apenas encher a boca e arredondar a voz do pomposo dissertante, antes de um gole de uísque, no papo com clientes novos ricos que nada sabem sobre o significado de impacto ou assimetria? Aí sim, poderá ter Você, meu caro Alberto,
alguma assimetria impactante. Sorry, Mr. Guedes, esperarei pelo que vier na próxima segunda-feira.