sábado, 18 de fevereiro de 2012

Balas de Prata - Dora Kramer



A sinuosidade de ação e pensamento que tanto fragiliza o PSDB no exercício da oposição é também o veneno que, aplicado em doses constantes e cada vez mais letais, corrói as entranhas do partido.
A última aniquilou a chance de os tucanos virem a construir uma candidatura viável à Prefeitura de São Paulo a partir da realização das prévias já marcadas para 4 de março próximo.
Às vésperas da escolha entre os pretendentes Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e José Aníbal, o PSDB recrudesce a pressão para José Serra (foto) ser candidato. Com isso, desmoraliza seus postulantes, informa ao eleitorado que nenhum deles vale quanto pesa e confere a todos a condição de meros esquentadores de cadeira.
Vamos que Serra mantenha a decisão de não se candidatar e a escolha se dê entre os quatro: que moral política ou eleitoral terá o vencedor se o próprio partido pelo qual concorre trombeteara previamente sua carência de condições competitivas?
E se José Serra ceder às pressões e for ele o candidato? Em termos imediatos, pode até ser uma solução, o PSDB pode ganhar a eleição. Mas terá de se ver diante da contradição de ter tratado como herói da resistência alguém que havia sido posto fora do tabuleiro.
O partido, aqui entendido como a direção e as principais lideranças, não perde oportunidade de acentuar o quanto José Serra está isolado. Tucanos só faltam dizer em público que o tempo dele passou. Privadamente dizem exatamente isso.
Mas, na hora de resolver um problema na eleição que será a mãe de todas as batalhas municipais, definidora da sobrevivência do partido e da consolidação da hegemonia total do PT no cenário nacional, enfileiram-se em romaria pedindo que se candidate a prefeito de São Paulo.
Ressuscitam aquele que haviam dado como "morto" para, de um lado, salvar a lavoura partidária e, de outro, mantê-lo longe do jogo de 2014.
Diga-se em favor do PSDB que incoerente o partido não é. Trabalha contra os seus com competência e persistência.

Um comentário:

Alberto disse...

A repórter é espacialista em PSDB mas me atrevo a discordar.
O movimento de isolamento do Serra pelos cardeais tem como único objetivo evitar o enfrentamento Serra X Aécio para presidente.
Com esta mensagem dada a única alternativa do Serra é a candidatura a prefeito com grandes chances da vitória (apoiado pelo Kassab) que lhe traria uma sobrevida política com prestígio crescente até o fim do mandato podendo se aposentar sob aplausos de seus pares.