Se os membros da Comissão de Ética da presidência da República fossem dotados de razoável dose de hombridade, primeiro tentariam confirmar a informação de que Dilma pretende precipitar a troca de cinco dos sete. Caso a informação procedesse, pediriam as contas.
As contas, não, que eles não ganham um tostão para exercer mandato de três anos, renovável só uma vez. Renunciariam, simplesmente.
Dilma está indignada porque a Comissão, sem a gentileza de informá-la primeiro, anunciou a abertura de processo contra o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, suspeito de ter faturado alguns milhões de reais como consultor sem ter na verdade prestado consultoria.
É a terceira vez que a Comissão assim se comporta.
A primeira foi quando abriu processo contra o ex-ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, autor da proeza de ter faturado mais de R$ 20 milhões em um ano como consultor de empresas.
A segunda quando recomendou a demissão do ex-ministro Carlos Lupi, do Trabalho.
Quem escolhe e nomeia os membros da Comissão é o presidente da República.
A Comissão é um órgão consultivo da presidência. Nada decide: sugere, recomenda, aconselha.
Dilma tem razão em se queixar. Se a Comissão a assessora, ela não pode ser a última a conhecer suas recomendações. No mínimo foi uma indelizadeza.
Nem por isso seria um ato de inteligência retaliar a Comissão não renovando os mandatos da maioria dos seus membros. Pegaria mal.
Reforçaria a idéia de que a retaliação teve a ver com Pimentel, o queridinho de Dilma, o imexível.
No regime presidencialista, presidente da República pode muito - mas não pode tudo.
Se não é a lei, é o bom senso que deve limitar seu poder.
2 comentários:
Mais uma demonstração de que tudo está errado, da hierarquia à moral passando pelo português e pelo mérito.
Não sabemos se é verdade. Todo ato impulsivo revela falta de sensibilidade política.
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