quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval Ficha Limpa - Ateneia Feijó



Brincar carnaval só sabe quem sai (ou já saiu) de batom ou purpurina em bloco com serpentinas para se soltar, pular, cantar, zoar ou se esbaldar em alguma fantasia não muito explícita. Este ano teve uma novidade: o bloco dos políticos e politizados de moral alta; e o bloco dos foliões alvejados pela Lei da Ficha Limpa.
Mas pode ser que alguns fichas-sujas sacudam as cinzas na quarta-feira. Certo mesmo é que superadas as ressacas, o ano eleitoral começará a se requebrar sem máscaras. Principalmente na caça aos votos paulistanos.
Já no Rio de Janeiro, um movimento diferente poderá roubar as atenções das discussões político-partidárias.
O que seria capaz de desviar os desvarios de uma campanha municipal? No caso, um prefeito forte e as grandes polêmicas em torno da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável: a Rio+20, agendada para junho na cidade carioca. Ou seja, o evento internacional de 2012 que terá o Brasil como anfitrião.
A conferência debaterá um novo modelo de economia que levará em conta os limites da Terra, a erradicação da pobreza, a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Este novo modelo seria a economia verde (nada a ver com ambientalistas ou “verdes”). A Rio+20 não é sobre mudança do clima...
Em resumo, a ONU no Rio vai discutir um novo conceito de desenvolvimento para o planeta. Daí a presença de chefes de estado, ministros, cientistas e representantes de vários setores públicos e privados.
Paralelamente, haverá um contraponto não oficial: a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, organizada por entidades nacionais e internacionais da sociedade civil.
O objetivo declarado da cúpula é criticar o conceito de economia verde, defender o bem-viver, os bens-comuns, o decrescimento. E outras lógicas como a economia do cuidado e a economia da reciprocidade. Uma praticada por feministas e a outra, por comunidades tradicionais e campesinas. Portanto, não vão faltar questionamentos e as polêmicas de sempre.
O problema é que com isso se reduz drasticamente o tempo para um encontro em busca de consenso. Perde-se a chance de aprender com a atual crise mundial. Sim, o velho modelo caducou. Mas as tragédias naturais confirmam que sem ciência e tecnologia não se sobrevive. Sem energia renovável, também não.
Leis como a da Ficha Limpa podem reduzir a corrupção no planeta e estimular a solidariedade. Diminuindo, de vez, as desigualdades sociais.

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