sábado, 25 de fevereiro de 2012

Operação Pro-Serra (des)organiza as Oposições ? - José Dirceu





Em março de 2010, portanto, há quase dois anos, a presidenta da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Maria Judith Brito, afirmou que em nome da responsabilidade de fazer o contraponto os meios de comunicação brasileiros “estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”.
Desde então, por diversas vezes, os meios de comunicação deflagraram movimentos próprios de oposição. Mas talvez a atual “Operação pró-José Serra” seja o momento em que fica mais evidente a tentativa de dar sentido e organizar as oposições.
Mesmo sem uma declaração de Serra, a eventualidade de uma candidatura sua na sucessão municipal de São Paulo foi colocada no tabuleiro e alimentada ininterruptamente na última semana.
De fato, com coberturas dignas de propaganda antecipada, os jornalões passaram a se encarregar de conduzir uma candidatura que ninguém assume —nem Serra, nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nem o prefeito da capital, Gilberto Kassab (PSD).
A possibilidade é apresentada pela grande imprensa como tábua de salvação das forças de oposição que estão cada vez mais fragilizadas e em movimento de dispersão.
A avaliação é de que Serra é um nome forte, que já governou a cidade e o Estado e pode colaborar para rearticular as oposições a partir da prefeitura. É, portanto, um movimento tático localizado em São Paulo, mas que atende a uma estratégia nacional para as oposições.
Nesse raciocínio, ter Serra candidato seria fundamental para reagrupar PSDB, DEM e PPS e impedir que o PSD de Kassab apóie tanto o governo da presidenta, Dilma Rousseff, como a candidatura a prefeito de Fernando Haddad (PT).
É esse objetivo que leva os grandes meios de comunicação a tentar forçar a entrada de Serra na disputa. Muitas vezes, os artifícios são manipulação, desinformação e campanha político-partidária escancarada.
Nesse enredo, a tão propalada realização de prévias para escolha do candidato tucano, alçadas à condição de demonstração maior de democracia interna, podem não ter valor algum. Isto porque, se Serra for atraído para o tabuleiro eleitoral, os quatro postulantes à candidatura municipal terão participado das prévias apenas para abrir mão em favor dele.
Nessa questão, aliás, os tucanos acabaram tecendo a própria rede na qual estão presos: ao atacar o PT por encontrar em Haddad uma candidatura consensual, o PSDB fez das prévias algo crucial no processo de definição de um nome, mas se agora escolherem não fazer as prévias, como explicarão à população essa mudança repentina?
Além disso, nos cálculos dos grandes jornais, só existe a contabilidade positiva. Nos cenários traçados para emplacar Serra candidato, são listadas as qualidades de ter 21% de intenção de voto, ser nome “consensual”, ser conhecido ou ter experiência administrativa.
Mas os contras de uma candidatura Serra nem são lembrados, como ter 35% de rejeição, criar insatisfações internas por conta das prévias, ter sido derrotado em eleições presidenciais por duas vezes, não significar mudança e ter renunciado à mesma prefeitura com apenas um ano e meio de mandato.

3 comentários:

Alberto disse...

O Zé tem razão ao vislumbrar a eleição de prefeito de SP como ponto de partida para a próxima campanha para presidente. Tem razão também em sublinhar a participação da imprensa na tentativa de ressuscitar um movimento de oposição. Só esqueceu de reconhecer que a existência de uma oposição, apesar de incômoda ao PT, é fundamental para um Estado Democrático.
A choradeira é oportuna pois a resistência da opinião pública,independentemente do resultado para prefeito, deve crescer para enfrentar a real possibilidade do PT completar 16 anos no poder superando assim os 15 da ditadura Vargas.
Com um mínimo de habilidade os oposicionistas conseguirão emplacar a nova ideia:
Como seria o Brasil sem o PT?

Cremildes T. de Hond-Durass disse...

Serra é, ele mesmo, o responsável pela permanente desorganização das oposições. Seu egocentrismo imenso - tão grande quanto suas olheiras, aliás próprias a todo onanista - o faz morrer de ciumes do brilho de FHC, do"non chalant" de sua inteligência. Serra é o candidato ideal para o PT, que o derrotará sempre em qualquer eleição presidencial. Pode até deixar que ganhe em São Paulo, onde será um Prefeito desinteressado e de olho na próxima derrota que imporá ao PSDB. No balanço geral, o eleitorado que o apoiar em São Paulo será facilmente anulado pelas artimanhas da dupla PMDB-PT.

Cato disse...

Interessante a afirmação do Dirceu sem Eurídice, declarando que críticas ao governo são atos de campanha eleitoral da imprensa. Entendo que defende o silêncio da imprensa pois se apoiar o governo estaria fazendo campanha eleitoral pro governo.