CARACAS - Após um fim de semana de incerteza depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não apresentou seu tradicional programa "Alô, presidente", crescem no país os rumores de uma recaída e de agravamento do seu estado de saúde. Segundo o jornalista venezuelano Nelson Bocaranda e fontes ouvidas por ele na Venezuela e em Miami, o quadro de saúde de Chávez piorou. Depois de ter sido atendido de emergência no sábado no Palácio Miraflores, o presidente teria sido levado entre o fim da noite de sábado e a manhã de domingo para seguir tratamento em Cuba, país para onde foi logo após descobrir que tinha câncer.
O governo não confirmou a viagem e nem deu informações oficiais sobre o caso. Na semana passada, o colunista do GLOBO Merval Pereira já havia informado que o câncer do presidente estava em processo de metástase, se alastrando em direção ao fígado e deixando pouca margem para uma recuperação.
Bocaranda, em sua coluna chamada "Run runes", publicada na internet e no jornal “El Universal”, escreveu que “filhos do presidente Chávez seguiram para Cuba. Uma das filhas estava em Buenos Aires, e o filho estava em Barinas”, no sudoeste da Venezuela. A situação seria tão grave que o mesmo avião no qual Chávez foi levado teria aterrissado em Barinas, para buscar a mãe do presidente. Ele acrescentou ainda que o presidente ainda não havia sido operado.
A junta médica responsável por acompanhar a saúde de Chávez seria composta por nove médicos de Cuba, um da Venezuela, três do Brasil e dois da Espanha. Segundo Bocaranda, mesmo que o estado de Chávez seja delicado, o presidente quer retomar o ataque contra Henrique Capriles Radonski, o candidato da oposição nas eleições presidenciais de 7 de outubro.
Bocaranda já havia dito que o mandatário não deu ouvidos aos conselhos de médicos e familiares e nem ao menos do ex-presidente de Cuba Fidel Castro sobre o repouso necessário para superar os danos da enfermidade e os efeitos da quimioterapia. O jornalista afirmou ainda que Chávez vinha fazendo grandes esforços com aplicações de esteróides para dissimular sua enfermidade e fazer crer a seus simpatizantes que estava saudável.
Diante do agravamento do quadro de saúde do presidente , dificilmente Chávez teria condições de fazer uma campanha eleitoral que exigirá muito esforço físico para derrotar o candidato da oposição.
No mês de novembro, o embaixador dos EUA na OEA (Organização dos Estados Americanos), Roger Noriega, escreveu artigo no qual dizia que o câncer estava se propagando mais rapidamente do que o esperado e poderia matá-lo antes da eleição.
O presidente, de 57 anos, enfrenta desde meados do ano passado um câncer que foi combatido com quatro jornadas de quimioterapia. Depois delas, Chávez assegurou ter “derrotado a enfermidade de seu corpo”. Sem nunca esclarecer exatamente os detalhes sobre a doença, esta não é a primeira vez que o estado de saúde do presidente vira alvo de discussão nas redes sociais. O ministro da Comunicação e Informação, Andrés Izarra, comentou a situação em sua conta no Twitter. “Sobre os rumores, guerra suja da canalha”, em referência à oposição. A última aparição de Chávez na televisão ocorreu na sexta-feira.
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