segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Falklands ou Malvinas ? - Autor Desconhecido




Gostaria que você antecipasse os fatos alertando os incautos para não entrarem na falastronice dos nossos hermanos austrais que estão começando a cutucar a onça britânica (por sinal jaguar que é a única palavra de origem brasileira na língua de Shakespeare) com vara curta sobre o caso das Falklands. Seria uma temeridade transformar uma disputa territorial em uma discussão futebolística, nunca esquecendo que na América Latina já tivemos uma verdadeira Guerra del Fútbol entre Honduras e El Salvador em 1969.
Os argentinos brincam com fatos históricos ao re-escrever a história para tirar vantagens eleitorais, fato este que já vem acontecendo de maneira sistemática em toda a história envolvendo a Argentina pela mão dos historiadores do regime da "presidenta doenta" Cristina Fernandez de Kirchner, com o risco de transformar a própria história em uma reles estória.
Na realidade ninguém sabe quem antes chegou ao arquipé. Portugueses, Ingleses, Holandeses e Espanhóis reclamam para si terem descoberto o arquipélago no Século 16. Em 1690 o Capitão John Strong, o qual ao se afastar de sua rota, acabou dando com esse território e o batizou com o título de Anthony Cary, o 5º Visconde de Falkland. Os ingleses só se fixaram em algumas das ilhas provavelmente mais tarde como se pode ler abaixo, de lá expulsando aos poucos os eternos inimigos franceses.
O nome de Malvinas que os argentinos utilizam para o arquipélago foi cunhado pelo famoso explorador francês Louis Antoine de Bougainville em 1764 quando tomou para a coroa francesa essas as ilhas abandonadas no Atlântico sul, lá deixando alguns habitantes da ilha de Saint Malo, os "malouins" daí Îles Malouines que em castelhano virou Islas Malvinas.
Uma coisa parece certa que nem franceses, nem ingleses tinham conhecimento da presença uns dos outros nas ilhas nessa época.
Cabe salientar que os argentinos de fato nunca lá estiveram nessa época e nem poderiam ter estado pois não havia ainda um país chamado Argentina, ela era só uma possessão espanhola que era denominada Vice-Reino Espanhol do Rio da Prata. O país viria a se chamar Argentina somente em 1816 quando de sua independência. Por incrível que pareça pouco conhecemos da história de nosso vizinho mais importante.
Quando em 1806 e 1807 os ingleses invadem o Vice-Reinado do Rio da Prata em retaliação a Napoleão que havia conquistado a Espanha (e depois Portugal, fato que em 1807 obrigaria a família real portuguesa a se exilar no Brasil), o líder da resistência na província platina foi o francês Jacques de Liniers, dito Santiago de Liniers na tradução castelhana.
Quem esteve e controlou parte das Malvinas durante algum tempo foram os espanhóis por terem comprado da coroa francesa uma parte das ilhas em 1767 e de lá se retiraram voluntariamente em 1806 deixando um vazio tanto administrativo e colonizador assim como legal. As Malvinas/Falklands permaneceram no limbo até que em 1820 uma tempestade forçou o navio de pesca Heroína comandado por um civil a buscar refúgio nas ilhas. O capitão David Jewett, de nome inglês, lá deixou hasteada a bandeira das Províncias Unidas do Rio da Prata, o que não era propriamente a Argentina apesar desta em 1820 já ser independente, tanto que os argentinos só tomaram ciência deste desembarque mais de um no depois da volta de Jewett ao Rio da Prata.
Em 1828 Louis Vernet comerciante Huguenote (protestante francês) fixado em Hamburgo (cidade líder da Liga Hanseática de comércio) pediu à coroa inglesa e aos argentinos a possibilidade de estabelecer um entreposto comercial nas ilhas, autorização esta que lhe foi concedida. Assim um vilarejo nasce nas Falklands para servir de entreposto na rota para o cabo Horn.
Em 1832 a Argentina envia o Comandante Mestivier para estabelecer uma colônia penal nas ilhas, mas ele nunca por lá chega pois Mestivier é morto após 4 dias de navegação em decorrência de um motim a bordo. Em janeiro de 1833 os ingleses retornam às ilhas e pedem que o destacamento argentino presente se retire, coisa que acontece sem algum disparo. O entreposto de Vernet segue no arquipélago até meados de 1833 quando os membros do entreposto são mortos pelo assim chamado Comando Gaúcho, composto de gaúchos argentinos (nenhuma ligação com o Rio Grande do Sul). Estamos em 1833 e pelo momento ainda nada de uma colonização argentina das "Malvinas", só algumas tímidas tentativas, um motim e um ato criminoso por parte de aventureiros.
De 1834 a 1840 as ilhas são administradas como uma simples base naval e em seguida em 1840 os ingleses se estabeleceram definitivamente com uma colônia permanente, enviando para lá agricultores e pecuaristas. Durante a Primeira e a Segunda Guerra as Falklands serviram de base aos aliados, ingleses e americanos, que de lá desferraram ataques importantes aos navios e submarinos de Hitler que tinham em território argentino, seus aliados, vários portos francos para organizar expedições na área do Atlântico Sul.
Se formos contar desde a descoberta das Falklands até hoje, os argentinos que lá pisaram de forma ostensiva e duradoura não foram mais de poucas dezenas. Dizer que "las Malvinas son Argentinas" como podemos ler na saída do aeroporto de Ezeiza é uma lorota das mais vergonhosas e dignas de déspotas desesperados como o foram o General Gualtieri em 1982 e agora a "presidenta doenta".
O General, Sir, Jeremy Moore não permitiu que o nome Malvinas fosse utilizado no documento de rendição da Argentina após a Guerra das Malvinas em 1982, por se tratar de um termo de pura propaganda.
"Las Malvinas son Argentinas" como Angola e as outras ex-colônias portuguesas seriam brasileiras. Gato que nasce no forno não é biscoito. Não basta as Falklands terem sido espanholas em algum momento no passado. Como ficaria então o Brasil para aonde se transferiu a Coroa Portuguesa e seu governo de 1808 a 1816 que do Rio de Janeiro administrava e controlava todo o império de além-mar, de Portugal a Angola, de Moçambique a Nagasaki, da Guiné e Cabo Verde a Goa e Macau, coisa que nunca aconteceu a nenhum outro país na história. Ninguém aqui reivindicaria tal insensatez.
Devemos estar vigilantes para evitar que nossa diplomacia, num arrebate de entusiasmo terceiro-mundista, não embarque em alguma aventura para apoiar esta tresloucada senhora que arrisca jogar uma guerra no colo de sua futebolística torcida. É responsabilidade do Brasil trazer calma e bom senso à conversa para evitar que, mais uma vez, o sangue dos hermanos não seja derramado no solo e no mar das Falklands. Nesta questão, tão próxima às nossas fronteiras, não podemos ficar em cima do muro, como nosso costume.
As Falklands são dos 3.140 Ilhéus de Falkland, os quais votaram de forma unânime para permanecer sob o domínio do Reino Unido, y ahora que se callen los milongueros!









2 comentários:

Alberto disse...

Maravilha! Independentemente dos colonizadores, o Bob's Blog sempre foi, é e será um instrumento de cultura na internet!
A participação do Brasil na Primeira Grande Guerra das Falkland-Malvinas foi como mediador. Acho que nossa posição não deverá ser outra caso ocorra um novo confronto.

Carlos Eduardo Alves de Souza disse...

Excelente! Muito bom e importantíssimo por divulgar em profundidade esse triste capítulo da politica sulamericana, sempre infestada pelas tiradas patriopeiras dos tiranetes de serviço. Se ontem foi Peron, anteontem Gualtieri, agora é a triste viúva que dá plantão na Casa Rosada - hoje mais desbotada que nunca - ao tentar compensar no plano externo a miséria em que vem deixando seus comandados, tenham ou não votado nela. Mrs. Thatcher, hoje na ordem do dia, com o Oscar dado a Meryl Streep, só tem a agradecer a trágica aventura de Gualtieri ao invadir as Malvinas (Les Malouines, como Você nos ensina). Sim, porque a Thatcher estava muito por baixo, na aprovação popular, após derrotar a elevado preço os mineiros em greve que parecia interminável. A oposição na Câmara dos Comuns estava na iminência de obter um voto de desconfiança que exigiria novas eleições que reconduziriam os socialistas ao Govêrno.Pois a febre insensata dos nacionalistas portenhos foi fundamental para seu triunfo e pela consolidação do statu quo que restabeleceu o nome que o arquipélago tem há 170 anos: Falklandas!
Vamos ver como se porta a diplomacia "cumpanhera" ante essa nova encrenca que criam nuestros hermanos. Mais que nunca, o Itamaraty estará sendo submetido à prova, exigindo-lhe a moderação e o equilíbrio que sempre emprestou a esses alucinados.