quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Petrobras sofre consequências da ingerência política (Editorial) - Ricardo Noblat




O Globo
Como maior companhia aberta brasileira, os balanços da Petrobras são sempre aguardados com grande atenção pelo mundo financeiro, especialmente o que está diretamente voltado para o movimento das bolsas de valores. Os números divulgados oficialmente acabaram confirmando que 2012 não foi bom para a empresa — ainda que os resultados do quarto trimestre tenham sido um pouco mais favoráveis do que os projetados pelos analistas do setor —, devido à série de problemas que a Petrobras herdou no ano passado, difíceis de serem superados.
As ações caíram ainda mais — desde 2010, antes desta nova queda, já haviam retrocedido 36%. Justifica-se, porque o lucro de R$ 21,2 bilhões foi 36% inferior ao de 2011, e o pior resultado nos últimos oito anos.
A Petrobras investe o equivalente ao dobro de todas as inversões feitas pelo governo federal. A atividade da companhia é vital para a economia brasileira, ao responder por 95% da produção nacional de petróleo e deter o controle das onze unidades de refino que fornecem grande parte dos combustíveis e demais derivados consumidos no país.
O grupo Petrobras também opera a rede de dutos e terminais portuários pela qual trafegam produtos distribuídos pelo Brasil afora.
Em face dessa presença marcante na economia brasileira, a companhia nunca fez parte dos planos de privatização executados nas últimas décadas. Porém, não se trata de uma companhia puramente estatal. Parcela considerável de suas ações está em poder de investidores, institucionais e individuais, no Brasil e no exterior.
Se por um lado o controle em poder do Tesouro se justificaria pelas funções consideradas estratégicas e missões específicas dentro de políticas de Estado, por outro, a Petrobras está sujeita a obrigações e deveres com o mercado. Não fosse assim, seu capital deveria ser fechado, para que pudesse prestar contas somente à União.

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