Blog do Augusto Nunes
Nocauteado pelo Plano Real em 1995, o dragão que atormentou o Brasil por quase meio século voltou a entreabrir os olhos neste janeiro: o índice de 0,86% é o maior dos últimos dez anos ─ e elevou para 6,15% a taxa anual.
Os números seriam ainda mais perturbadores se os prefeitos Fernando Haddad e Eduardo Paes não tivessem adiado, a pedido de Dilma Rousseff, o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo e no Rio.
Mas os governantes do Brasil Maravilha seguem contemplando o horizonte com a beatitude de um Gilberto Carvalho quando vê Lula. A coisa vai bem demais, recitam. Se melhorar, estraga.
Dragão Adormecido - Imagem: Gunilla Riddare
Na quinta-feira, Dilma Rousseff mandou a inflação passear para conversar a sós com o senador amazonense Alfredo Nascimento. Demitido do Ministério dos Transportes depois de pilhado pela imprensa em cenas de corrupção explícita, Nascimento apareceu no Planalto caprichando na pose de presidente do PR.
O visitante da sexta-feira foi Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho também por ter aterrissado ruidosamente no noticiário político-policial. Foi no papel de comandante do PDT que Lupi reencontrou a chefe a quem endereçou espalhafatosas declarações de amor.
“A presidenta quis trocar ideias com nossos aliados”, mentiu Gilberto Carvalho. Como se quem passou a vida trocando favores tivesse ideias para trocar. Nas duas audiências, só se tratou do contrato de aluguel que garantirá o apoio do PR e do PDT à reeleição de Dilma Rousseff. Nenhum dos três perdeu tempo com assuntos desagradáveis ─ as razões do despejo da dupla, por exemplo.
Ninguém infiltrou na pauta temas incômodos ─ a inflação de janeiro, por exemplo. Dilma, Nascimento e Lupi trataram exclusivamente de coisas vinculadas à eleição de 2014. O passado e o presente ficaram fora da pauta que só tratou do futuro.
Um comentário:
A inflação é como as doenças oportunistas que só nos pegam quando nossas defesas estão fracas.
É lógico que com o Mantega estamos sem defesa nenhuma.
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