- Fernando Henrique participou de um seminário organizado pela Casa da Artes, na Gávea, Zona Sul do Rio
RIO E BRASÍLIA- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) alfinetou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira, em evento no Rio. Disse que o petista está inaugurando um novo cargo, o de “presidente adjunto”, já que é um dos principais articuladores das decisões do governo Dilma Rousseff, e tachou a relação do PT com seu governo de caso de “psicanálise”. FH participou de seminário organizado pela Casa das Garças, na Gávea, Zona Sul do Rio, em homenagem aos 70 anos do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.
— Para o bem do Brasil é preciso que as pessoas respeitem as regras. E que entendam que não podem tratar o adversário como inimigo. Infelizmente, a tática toda a vida do PT tem sido oposta a isso: nós somos bons, vocês são maus — disse FH, frisando que o discurso da ética não poderá mais ser adotado pelos petistas. — Num aspecto eles não podem mais falar, a ética. Porque eles têm o mensalão na testa.
Para FH, esse duelo é um caso de psicanálise:
— A relação do PT comigo pessoalmente e com meu governo é de psicanálise. Tem que tirar o pai da frente, sabe. Eles sabem que quem fez a estabilização fomos nós, quem começou as políticas sociais fomos nós. Não é que eles não tenham melhorado, mas por que precisa dizer que a gente não fez nada?
Perguntado se subiria ao palaque ao lado do senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique afirmou que estaria presente “no palanque moderno”, a televisão. Mas deixou claro que só apareceria em público ao lado de Aécio se fosse um pedido do partido.
— Se eles pedirem eu vou, eu nunca me ofereço. Uma das vantagens da idade pós-madura é que você não tem mais essa ansiedade de aparecer — disse.
No seu discurso, Malan disse temer que a campanha eleitoral para a Presidência seja marcada por maniqueísmos e lembrou que a transição entre o governo FH e o governo Lula em 2002/2003 foi “uma das mais civilizadas”.
— Foi extraordinariamente importante (a transição entre os dois governos) e nos permitiu fazermos algo que eu espero que consigamos repetir agora, apesar das aparências em contrário. Que nós consigamos evitar excessos de maniqueísmos e de divisões entre nós e eles.
Aécio recruta equipe do Real
A base do Plano Real será o ponto de partida do programa de governo de Aécio Neves, que já começa a ser pensado pelos economistas que formularam e implementaram o plano de estabilização econômica, no governo Fernando Henrique. Aécio ainda não admite oficialmente a candidatura, mas já está montando um grupo de trabalho formado por Pedro Malan, os ex-presidentes do Banco Central Edmar Bacha e Armínio Fraga, além de outros economistas, como José Roberto Afonso.
Depois do confronto com o PT essa semana, Aécio se prepara para novos eventos políticos. Segunda-feira, participa da abertura de um seminário do PSDB em Belo Horizonte, que pretende resgatar Fernando Henrique, recolocando-o no centro do palco tucano para 2014. Além de seminários em outras cidades, o senador mineiro também deve estrelar os programas de propaganda do PSDB que vão ar entre o final de maio e o início de junho, no rádio e na TV.
— Estamos montando um grupo com o pessoal do Plano Real, o Malan, Armínio, Bacha. Tem muita gente querendo colaborar com a construção desse projeto que não é de minha candidatura, é um projeto do PSDB. Estão fazendo uma avaliação dos cenários econômicos, o descalabro fiscal e a derrubada dos fundamentos da estabilidade econômica, para projetar o que tem que ser feito lá na frente — disse Aécio.
2 comentários:
Esta campanha deverá ser muito interessante. O PT que sempre pautou suas ações pelo maniqueísmo e dificilmente mudará em dois anos.
Quem sabe a Marta Suplicy influenciada pelos livros sobre os tons de cinza transmita ao partido uma nova filosofia política.
Foi de fato uma tragédia confiar ao José Serra a tarefa de substituir o grande FHC. Quem o conhecesse sabia que se trata de um egocêntrico insuportável, desagregador ao extremo, em sua insuportável vaidade. Ainda na primeira eleição, que terminou com a vitória petista, Lula não tinha conseguido cunhar no seu, hoje absoluto, eleitorado a imagem caudilhista. Era, portanto, ainda possível batê-lo. Conheço muita gente que convive no meu meio e que votou com Lula por tola razão, ora por achar que estava no momento de experimentar algo novo (?), por não gostar de lhe terem dito que o FHC considerava os aposentados vagabundos (mentira, pois jamais disse isto no contexto citado), mas, sobretudo votaram contra o Serra. De fato, ele é um dos mais antipáticos políticos que já apareceram - e raios foi aparecer logo no meu Partido! - com seus "erres" paulistanos que mais o fazem parecer um argentino...
A meu triste ver estaremos condenados por mais uma década ao menos ao império do lullismo, essa imensa tragédia que se abateu sobre nós!
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