domingo, 3 de fevereiro de 2013

Governador de SE defende interferência de Lula nos governos federal e de SP


Petista Marcelo Déda apoia postura adotada em relação aos condenados pelo mensalão e fala sobre 2014


Marcelo Déda (à direita) abraça Eduardo Campos
Foto: Agência Brasil
Marcelo Déda (à direita) abraça Eduardo Campos Agência Brasil
ARACAJU (SE) - Anfitrião do palanque da presidente Dilma Rousseff esta semana em Sergipe, o governador petista Marcelo Déda defende a intervenção do ex-presidente Lula nos governos federal e de São Paulo, com o argumento de que ninguém no mundo dispensaria o auxílio luxuoso do maios líder político do Brasil. Também é favorável à solidariedade aos companheiros condenados no julgamento do mensalão, mas diz que não cabe ao PT, institucionalmente, confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF). Diz ainda que o PT tem que cuidar agora de manter seu projeto político, reeleger Dilma e aumentar a bancada de parlamentares e governadores. Sobre o eventual adversário do PT em 2014, o governador Eduardo Campos (PSB), ele diz ser natural o pernambucano exibir sua força, mas considera que ele pode ser uma ameaça maior à provável candidatura do senador tucano Aécio Neves do que à petista.
Eduardo Campos é um dos críticos da gestão da presidente Dilma e está se firmando como bom gestor em Pernambuco. É um contraponto a ela?
Não há um contraponto de gestão entre os dois. O grande contraponto de gestão de Eduardo Campos é meu amigo Aécio Neves. Às vezes, na política, o atirador é tão competente que mira num alvo para acertar no outro. Quem fez política no Brasil com a bandeira do choque de gestão foi Aécio. Quem aparece na política como mais novo, repondo o tema do choque de gestão e que agrega o que a Aécio falta, a política social, é Eduardo. Toda vez que ele põe o tema gestão em debate, não sinto respingar na Dilma, toma espaço de quem fez politica nos últimos 10 anos falando em choque de gestão. Se brincar fica eduardo com a gestão e Aécio com o choque.
Eduardo Campos diz que vai continuar a parceria com Dilma em 2013. Ele estaria se aproveitando dos bônus dessa parceria para depois fazer vôo solo em 2014?
Eu acho que o que Eduardo Campos está fazendo é a coisa mais natural do mundo na política. Foi uma das forças politicas que se fortaleceram com as eleições de 2012. Ele precisa construir um ativismo que permita à Nação e parcerios políticos entenderem o signficado desse crescimento. É como alguém que frequenta há um ano a academia e quando vai para à praia, tira a camisa. Se ficar de camisa vai esconder os músculos que conseguiu com muito esforço. Então, o que Eduardo está fazendo é exibindo os músculos e mostrando que o PSB, a cada dia que passa, se credencia a, no futuro, lançar uma candidatura presidencial própria.
Quem oferece mais risco a Dilma: ele ou Aécio?
Eu não faço a equação de risco considerando Aécio ou Eduardo risco para o PT. Na minha cabeça limitada, se tem alguém a quem Eduardo põe em risco, chama-se Aécio Neves.
Mas se Eduardo disputar pode tirar votos de Dilma...
Veremos! Eu acredito que Eduardo sinceramente se sente herdeiro desse projeto, mais do que isso, construtor desse projeto. Vejo sinceridade quando diz que fará um grande esforço para continuar na aliança de Dilma. E acho que não podemos responder a Eduardo com desconfiança . Nem podemos também achar que seria o maior absurdo do mundo se ele lançar sua candidatura.
Não será uma traição?
Veja, não dá para trabalhar em politica com certos conceitos totalizantes como traição. Uma aliança política não tem cláusula de perenidade eterna.
E Dilma está preparada para voltar aos palanques?
A presidenta Dilma, acredito, é a grande favorita de 2014. Acho que quem for enfrentá-la vai enfrentar uma candidatura que tem uma base de sustentação extremamente sólida e com capilaridade no Brasil, além de ter presença política significativa no palanque, terá as proprias virtudes que construiu no ponto de vista do perfil político e administrativo. Ela vai manter o mar vermelho cheio. E não vejo nos candidatos lançados até agora nenhum com vocação de Moisés para atravessar esse mar.
Por que Dilma está repassando a Lula o comando de sua articulação política agora?
Que político do Brasil recusaria entregar a Luiz Inácio Lula da Silva a coordenação de seu projeto eleitoral? Lula é o maior líder político do Brasil. Disse e repito. Dilma é surpreeende e tem demonstrado que sabe muito mais de política do que as pessoas pensam que ela sabe. Sabe tanto que compreende que não é na busca de uma “autossufiencia” que ela vai encontrar respostas para o dilema do futuro. É fortalecimento da consolidação da relação entre sucessor e sucedido que a História recente do Brasil registra. Isso é um ativo! E ela não é besta de jogar fora, é muito inteligente de preservar!
Não fica parecendo que ele é o dono do mandato? Essa interferência em São Paulo, a reunião com os secretários, não desmerece o Haddad?
Com todo respeito às opiniões. Mas acredito que é uma caricatura de uma relação política sadia e normal. A visita de um líder político como lula a um prefeito, e essa liderança oferecer opiniões e propostas, é o fato mais natural entre companheiros de partido. Lula opinar sobre governo de Haddad e Dilma é a coisa mais natural do mundo. Como é a coisa mais natural do mundo é Haddad aceitar ou não todas as opinões que Lula der. Eu escuto e analiso pesquisa com o presidente Lula. Tem opiniões de Lula que me ajudam a destrinchar dilema, e outras que não acho relevantes. O que acho é que nenhum partido político no mundo ou governante dispensaria o apoio e o auxílio luxuoso de um ex-presidente com o legado e a popularidade do presidente Lula.
Há discussão sobre a necessidade de o partido se reinventar depois do julgamento do mensalão. Como Será daqui para a frente?
Acredito que o congresso (encontro nacional do PT) é uma oportunidade para que o partido enfrente o desafio da sua própria autoavaliação e a responsabilidade de promover um “agiornamento”, uma atualização do seu programa, de sua prática, de sua intervenção na cena política. O PT teve oportunidade de espressar preocupações com relação a seu julgamento,manifestando o desejo que os direitos dos réus, filiados ao PT, fossem respeitados nos termos da Constutição e das leis. Dialogou com sociedade sem descredenciar, despeitar ou desafiar o Supremo. Agora compete ao PT entender que não integra a agenda do partido político confrontar uma instituição republicana que é o Judiciário. Qualquer brasileiro tem o direito de ter uma opinião sobre o resultado do julgamento, que ele foi justou ou injusto, mas institucionalmente não tem o direito de negar ao Judiciário o poder de fazer cumprir suas decisões. E não significa desrespeitar a Justiça a solidariedade de militantes. Mas o PT tem que, agora, olhar para a frente, para sua agenda política.
Hora de virar a página?
O mensalão é um capítulo da História. Não pense que a Ação 470 não vai continuar sendo debatida nas academias, teses serão publicadas mostrando contradições do julgamento, e defendendo o teor as decisões. Divergir não signfica negar-se a cumprir.
Que continuem se solidarizando com Zé Dirceu, Genoino...
Isso aí é o departamento da solidariedade. No PT, precisamos construir a agenda do partido político, que a manutençao do nosso projeto, a reeleição de Dilma, eleição de mais parlamentares, eleição e reeleição de mais governadores. Com relação ao episódio do mensalão, eu acho que o que o partido tem que fazer agora é reforçar a tese de que o sistema de finaciamento político no Brasil é um sistema que vulnerabiliza a democracia. É uma encubadora de crises.


 

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