Tucano avalia que é equivocado atribuir derrota em SP a necessidade de mudança
SÃO PAULO - O discurso da necessidade de renovação no PSDB, capitaneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, desagradou o ex-governador de São Paulo José Serra, que, nos últimos dias, criticou a postura do cacique tucano. Em conversas com aliados e amigos, o candidato do PSDB derrotado nas eleições municipais avaliou que é equivocado atribuir à falta de renovação da sigla a derrota na disputa municipal e afirmou que o discurso da mudança faz parte apenas da estratégia do PT. No domingo, antes mesmo do fechamento das urnas,o ex-presidente tucano disse que o PSDB está distante das aspirações do eleitor.
— A renovação é necessária e o Brasil está mostrando isso mais uma vez. Eu deixei a presidência, tem de abrir espaço para o mais jovem. O José Serra é mais jovem, claro, mas o partido como um todo vai precisar mesmo de renovação —afirmou, no domingo, o ex-presidente tucano.
Segundo aliados de José Serra, o ex-governador de São Paulo também ficou incomodado com a articulação, atribuída ao ex-presidente, e divulgada durante a campanha eleitoral, de torná-lo o próximo presidente nacional do PSDB. Um deles, inclusive, avaliou que não é a primeira vez que FH dá entrevistas “em momentos inconvenientes”. Em virtude da repercussão da declaração do ex-presidente tucano, aliados do candidato do PSDB saíram em sua defesa nos últimos dias.
— A partir do resultado das eleições, especula-se sobre o novo e seu poder miraculoso nas eleições. Eu tenho minhas dúvidas sobre esse poder miraculoso do novo nas eleições. Fosse assim, Arthur Virgílio não teria sido eleito prefeito de Manaus — disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Na avaliação de José Serra, segundo lideranças do PSDB, pesaram em sua derrota em São Paulo a exploração pelo PT de sua renúncia ao cargo de prefeito, em 2005, e a rejeição à gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab. O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, presidente interino do PSDB nacional, considera que a renovação do partido deve ser permanente, mas afirma que a tese não deve ser encarada como um decreto para a escolha das candidaturas.
— Não se pode dar cartão vermelho para uma candidatura que é a mais adequada. O nascimento de novas lideranças deve ser um processo natural — avaliou Goldman.
Os aliados de José Serra dizem que o ex-governador de São Paulo ainda não definiu o seu destino político, o qual, segundo eles, não deve passar pela direção nacional do PSDB. O candidato derrotado não fez referência a planos futuros após o processo eleitoral, mas a alternativa mais apontada por dirigentes da sigla é de que ele dispute o Senado Federal em 2014.
'Ônus impagável'
O secretário estadual de Energia do Governo de São Paulo, José Aníbal, derrotado no processo de prévias para a escolha do candidato do PSDB à prefeitura, avaliou que o apoio “danoso” do prefeito Gilberto Kassab “prejudicou” o desempenho da sigla na disputa municipal. Ele avaliou que a renovação é “essencial” no PSDB e considerou que a militância tucana recebeu um “balde de água fria” quando não se concretizou a expectativa de mudança nas prévias do partido.
— Eu acho que teve o ônus impagável que é carregar o atual prefeito, uma figura danosa que prejudicou a campanha eleitoral. A renovação é essencial. Ela não tem a ver com a idade, mas com as idéias — disse Anibal.
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