domingo, 25 de novembro de 2012

A Demissão de Mano


Presidente quer Muricy, mas vice sonha com Felipão. Tite pode ser a alternativa



Muricy Ramalho é o técnico preferido de José Maria Marin
Foto: AP/09-04-2012
Muricy Ramalho é o técnico preferido de José Maria MarinAP/09-04-2012
RIO — Unidos na hora de demitir o técnico Mano Menezes, José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo del Nero, um dos vices e eminência parda na entidade, não estão de acordo quanto ao nome do substituto, que terá a missão de dirigir a seleção na Copa de 2014. Marin, ligado ao São Paulo, quer ver Muricy Ramalho no comando, enquanto Felipão é o preferido de Marco Polo, que tem origem no Palmeiras. Diante do impasse, a solução pode ser Tite. Mas o treinador do Corinthians só terá chance se o clube paulista conquistar o título mundial de clubes, no fim do ano, no Japão. De qualquer maneira, a CBF só vai anunciar o novo treinador no início de janeiro. A estreia será dia 6 de fevereiro, contra a Inglaterra, em Wembley.
— Que papai do céu me ilumine!Felipão, que foi demitido pelo Palmeiras e está sem clube, não quis se pronunciar. Muricy afirmou que só sairia se fosse liberado pela diretoria do Santos. Já Tite, que soube na demissão de Mano durante o treino do Corinthians, respondeu de forma enigmática se aceitaria assumir a seleção brasileira:
Comissão técnica é dissolvida
A notícia da demissão de Mano, justamente no momento em que a seleção começava a dar sinais de progresso, pegou quase todo mundo de surpresa. Foi, no mínimo, uma decisão tomada na hora errada. Afinal, criou uma turbulência desnecessária e coloca o novo treinador, desde já, sob pressão.
Quem esteve em Buenos Aires acompanhando a decisão do Superclássico das Américas voltou da Argentina com a impressão de que alguma coisa não ia bem. Mas, como cravar a demissão do treinador que acabara de conquistar um título com a seleção?
No início da tarde desta sexta-feira, porém, a demissão de Mano já era quase uma fato concreto. O afastamento foi decidido numa reunião realizada na sede da Federação Paulista, cujo presidente é Marco Polo del Nero, e não na sede da CBF, no Rio, como seria natural. Também participaram Marin e Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF. A permanência de Andrés, que tentou até o fim manter Mano no cargo, também foi uma surpresa.
— Eu achava que não era o momento. O trabalho já tinha andado uns 80%. Mas respeito a hierarquia da CBF. Sou um simples diretor. Fui voto vencido. O presidente entende que tinha de mudar o planejamento. É um direito dele, que está sendo muito corajoso — afirmou Sanchez, que espera ser ouvido quando o novo técnico for escolhido. — Afinal, sou diretor de seleções — completou, em entrevista realizada também na sede da Federação Paulista.
Mais do que diretor de seleções, Andrés Sanchez, amigo do ex-presidente Lula, é o interlocutor da CBF junto ao Governo Dilma. Como a presidente praticamente ignora José Maria Marin devido a seu passado político — o presidente da CBF teria sido ligado a grupos de repressão política na década de 70 — a presença de Sanchez na direção da CBF é uma necessidade a dois anos da Copa do Mundo.
Segundo o diretor de seleções da CBF, toda comissão técnica foi demitida. Apenas Emerson Ávila, responsável pela seleção sub-20, continua:
— Mas se o novo treinador quiser aproveitar alguém não terá o menor problema. Ninguém está vetado.
Foi Sanchez quem comunicou a demissão a Mano, com quem tinha estreita relação desde que o Corinthians:
— Mano está há muito tempo de futebol e sabe que isso acontece.
Mano recebeu a notícia de sua demissão com a mesma serenidade que mostrou à frente da seleção em dois anos. “Desejo, desde já, sucesso à seleção brasileira na conquista do sonho maior da nossa torcida, que é o título do hexacampeonato em 2014”, postou o ex-treinador da seleção em seu Twitter.

Um comentário:

Alberto disse...

Demitir um técnico que desenvolvia um trabalho de anos com a Seleção á a forma drástica de resolver uma crise pois estamos a um ano e meio da Copa.
Como aparentemente a seleção vinha evoluindo a crise não está no campo mas sim nos escritórios dos cartolas.
Os que respeitam a História estão apreensivos pois a maioria das copas perdidas foram decorrentes de desmandos dos dirigentes.