Presidente voltou a criticar as ações baseadas apenas na austeridade e pediu que trabalhadores não sejam ainda mais sacrificados
CÁDIZ (Espanha) — Num discurso ouvido atentamente por Portugal e Espanha – que passam hoje por um ajuste violento — a presidente Dilma Rousseff disse neste sábado na Cúpula Ibero americana, em Cádiz, que “consolidação fiscal exagerada e simultânea em todos os países não é a melhor resposta à crise mundia”. E previu o pior: se a atual política européia for mantida, a crise pode se agravar e levar “à uma maior recessão”. Para Dilma, isso é um “equívoco”.
— O equívoco, porém, é achar que a consolidação fiscal coletiva, simultânea e acelerada seja benéfica e resulte numa solução efetiva – afirmou a presidente.
Dilma apontou para “os limites da austeridade” – baixo crescimento e aumento de déficits fiscais — e disse que se a Europa afastou o risco de uma quebra financeira, não acabou com a desconfiança dos mercados nem das populações.
— Confiança não se constrói apenas com sacrifícios – disse .
Dilma criticou também o Fundo Monetário Internacional (FMI), dizendo que , há duas décadas, em plena crise da dívida externa, o Brasil, mergulhou na estagnação, por seguir a receita do Fundo.
— Os governantes de então, aconselhados pelo Fundo Monetário Internacional, acreditavam, erradamente, que apenas com drásticos e fortes ajustes fiscais poderíamos superar com rapidez as gravíssimas dificuldades econômicas e sociais nas quais estávamos mergulhados. Levamos assim duas décadas de ajuste fiscal rigoroso tentando digerir a crise da dívida soberana e a crise bancária que nos afetava e, por isso, neste período, o Brasil estagnou, deixou de crescer e tornou-se um exemplo de desigualdade social — lembrou. .
Segundo Dilma, o Brasil só se levantou quando voltou a crescer.
Num forte contraste com reuniões anteriores, em que Espanha, Portugal, diziam o que a América Latina tinha que fazer, desta vez, foi a presidente do Brasil quem deu a cartas. E deu lições até para a Alemanha e alguns países nórdicos, quando , sem citá-los nominalmente, disse :
— Urge que os países superavitários também façam a sua parte, aumentando seu investimento, seu consumo, e importando mais .
Dilma também alertou que a atual política de austeridade está ficando cada vez mais “onerosa socialmente”, e afirmou que é preciso que se apresente uma estratégia “que mostre resultados concretos para as pessoas, apresente um horizonte de esperança e não apenas perspectiva de mais anos de sofrimento”.
Para Dilma Rousseff, a solução para a crise passa pelo aumento da competitividade dos países, mas sem r mais sacrifícios aos trabalhadores.
— Nosso desafio consiste em buscar a competitividade por meio da inovação tecnológica, pelo aperfeiçoamento dos processos produtivos, da logística de distribuição, da redução da carga tributária e não, como tantas vezes no passado, pela precarização do trabalho, pela penalização do trabalhador e pela redução de direitos sociais, que comprometem as bases do estado de bem-estar social.
O discurso de Dilma não convenceu uma pessoa: José Manuel Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia). Minutos depois do discurso da presidente, ele defendeu a escolha do bloco numa entrevista com jornalistas — isto é, da austeridade . As medidas, segundo ele, “são drásticas”, mas necessárias :
_ As medidas são resultado de erros muito grandes no passado, excessiva dívida pública e privada, comportamentos inaceitáveis do sistema financeiro. A alternativa à aplicar os programas de reforma estruturais seria muito pior para as pessoas – disse.
Barroso reconheceu que “há uma situação de emergência social” em alguns países. E lamentou que “alguns governo da Europa”, na discussões do próximo orçamento do bloco, queiram cortar « propostas que são essenciais à solidariedade social ».
— É isso que explica a indignação em muitas partes da Europa com programas que são difíceis – disse.
A Cúpula reúne os presidentes da Espanha e da América Latina e deve elaborar uma uma declaração com referências à crise, o que está afetando seriamente a Espanha, de Portugal e da União Europeia, e da necessidade de promover políticas de crescimento. Também deverá ser incluída uma referência genérica a "reforçar as regras claras, estáveis e previsíveis" para ajudar a promover o investimento produtivo e estrangeiros, que o parágrafo refere-se à disputa entre Espanha e Argentina pela desapropriação da Argentina companhia petrolífera Repsol YPF, capital espanhola.
2 comentários:
De momento, D. Dilma atravessa, mesmo é a chamada crise da crase. Espera-se que o Durão Barroso tenha apenas ouvido e não lido a aula dada à Europa pela Presidenta ilustre - ainda que muito menos ilustrada. Senão leiamos: "a crise pode se agravar e levar “à uma maior recessão”. "A alternativa à aplicar os programas de reforma estruturais seria..." De qualquer maneira ficaríamos todos contentes se ela aplicasse ao seu Brasil a descompostura que passa nos europeus: "busca da competitividade pela via da inovação tecnológica,aperfeiçoamento da logística de distribuição e redução da carga tributária". Pouco de tudo isso vem sendo feito - quando é feito - no seu Brasil. Mas nós, mais velhos, já ouvimos essa lenga-lenga de que mais uma vez a Europa se curva ao Brasil - na dita da propaganda governamental....
Qualquer semelhança entre o Brasil real e o Brasil onírico da Dilma é mera coincidência.
O Brasil apesar de várias cartas de intenção jamais seguiu os ditames do FMI.
As grandes crises da economia brasileira foram decorrentes dos calotes do Sarney e do Color que bloquearam todos os créditos e fizeram que o risco Brasil determinasse juros a nível de país indigente elevando nossa dívida a valores estratosféricos.
É lamentável que a bazófia da presidente não seja levada a sério por pessoas esclarecidas
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