Bigode pró-saúde masculina
E de repente as ruas de Seattle se encheram de bigodinhos ridículos. Eu já tinha lido sobre o Movember, mas demorei a ligar o nome ao item demodé. O bigodinho ridículo é, na verdade, uma campanha seriíssima.
Seriíssima, mas bem-humorada, vê-se logo. Movember é novembro com bigode. Faz mais sentido se você souber que a gíria em inglês para moustache (bigode) é Mo. Então: Mo + november = Movember. Movembro, para nós.
Os adeptos do movimento querem chamar a atenção para doenças masculinas, principalmente câncer de próstata e outros tipos de câncer. E se envolvem numa saudável competição para levantar fundos para a causa.
Dizem que mais de US$ 300 milhões foram arrecadados no mundo todo por 1.9 milhão de militantes desde que tudo começou em 2003 em Melbourne, na Austrália.
As regras são rígidas. Dia 1º de novembro todos têm que estar barbeados. Quando a barba começar a crescer, tem que tirar todos os pêlos que não estejam acima da boca. Se o bigode encostar na lateral, vira barba; se descer pelo queixo, vira cavanhaque.
E não se quer uma coisa nem outra, pois é o bigode fora de moda que vai gerar comentários e perguntas, e assim chamar atenção para o Movembro. A esta altura do mês, vê-se que muita gente não tem talento para ser um Magnum.
Os métodos podem ser discutíveis, mas a necessidade de conscientização é premente. Higiene diária e consultas regulares ao médico são práticas que muitas vezes ficam só na teoria. Câncer de próstata é um dos tipos mais recorrentes de câncer entre os homens no mundo. E, como toda doença, quanto antes diagnosticar, mais chance de cura.
No Brasil, mil brasileiros têm o pênis amputado devido a câncer todos os anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A principal causa é simplesmente falta de água e sabão.
Num mundo assim, se uma piada sobre um bigode esquisito pode iniciar uma conversa sobre os cuidados necessários sobre higiene e check ups regulares, por mim tudo bem.
Aqui em Seattle tem tanta gente estranha que, dependendo do bairro, bigode nao chama atenção nenhuma. Por isso os bigodudos vão fazer uma corrida de 5 quilômetros amanhã, em nome da causa.
Mulheres e crianças são bem-vindas, de preferência portando bigodes falsos. O perigo que faz é alguém se animar e adotar definitivamente o visual só pra ser diferente. Tratando-se de Seattle, é melhor não duvidar de nada.
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.
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