terça-feira, 3 de julho de 2012

Sites internacionais falam sobre a escolha da cidade como paisagem cultural pela Unesco





Rio é destaque em reportagem do site do jorna inglês “Daily Telegraph”
Foto: Reprodução / Agência O Globo
Rio é destaque em reportagem do site do jorna inglês “Daily Telegraph”REPRODUÇÃO / AGÊNCIA O GLOBO
RIO - Eleito Patrimônio Mundial como paisagem cultural pela Unesco, neste domingo, o Rio é destaque em vários sites de jornais e emissoras de TV mundo afora. A edição online do jornal inglês "Daily Telegraph", por exemplo, publica um texto na editoria de turismo, com direito a chamada na capa principal do site. A reportagem é ilustrada por uma foto aérea do Cristo Redentor, mostrando a beleza da cidade num dia de céu azul. O título, anunciado em São Petersburgo, na Rússia, também é comentado em publicações de Portugal, da Austrália e até da Malásia.
O site da agência de notícias"Bernama.com", da Malásia, e do"NZHerald", da Nova Zelândia, seguem a mesma linha e exaltam o título recebido pelo Rio. A emissora portuguesa “RTP”também publicou reportagem em seu site e diz que o Rio é a primeira cidade do mundo a receber esse título. O assunto foi desque ainda nos portugueses Público e Diário de Notícias."Paisagem do Rio de Janeiro é eleita Patrimônio Mundial pela Unesco", diz o título da reportagem do australiano "Herald Sun", na internet. Segundo ela, os locais da cidade que pesaram na escolha agora serão beneficiados por esforços de preservação, segundo as autoridades. O"Sky News", também da Austrália, destaca: "Rio de Janeiro agora é patrimônio mundial". O Cristo Redentor também foi o cartão-postal escolhido para ilustrar a reportagem.
A elevação do Rio a Patrimônio Mundial como paisagem cultural, anunciada após decisão unânime e inédita da Unesco, coloca desafios para a cidade. A partir de agora, os locais que justificaram o título — o Pão de Açúcar, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo e a Praia de Copacabana, entre outros — deverão ter sua ambiência preservada.
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que apresentou, em português, a candidatura do Rio durante a sessão da Unesco com a participação dos 21 países que integram o comitê, ressaltou a responsabilidade da cidade e do Brasil em relação ao título. Segundo ela, a partir de agora, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) terá de enviar relatórios frequentes à Unesco:
— Todos os locais mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que forem feitos. O compromisso de manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a Unesco.
É possível haver a perda do título caso a região contemplada não receba os cuidados adequados para a manutenção das características que a consagraram Patrimônio Mundial. Por isso, é preciso enviar sempre informações à Unesco sobre a gestão dessas áreas.
De acordo com o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, os locais que embasaram a conquista do Rio terão que ser preservados. Caso contrário, a cidade pode perder o título. Para ele, preencheu-se uma lacuna na listagem do Patrimônio Mundial:
— É um reconhecimento muito importante. Se observarmos que a lista do Patrimônio Mundial representa o país, então faltava nela o Rio, que representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo.
O presidente do Iphan também destacou a importância das políticas públicas neste momento para que a cidade mantenha a conquista.
— Temos que conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente, etc. Pensaremos numa política transversal que consiga realmente responder aos desafios de fazer a gestão de um território.
Título demorou uma década para chegar
A Unesco incorporou o conceito de paisagem cultural a suas diretrizes em 1992 e, desde então, a categoria foi incluída na lista do Patrimônio Mundial, reconhecimento instituído pela convenção de 1972 da entidade. Locais onde a interação humana com a natureza ocorre de forma harmônica podem ser indicados ao título por meio de dossiês com argumentos que justifiquem a escolha.
A primeira candidatura do Rio a patrimônio mundial foi apresentada em 2002, mas não foi adiante. Em setembro de 2009, o (Iphan), em parceria com o governo estadual, a prefeitura, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco, entregou à organização o dossiê completo da pretensão do Rio, justificando o valor universal da cidade em função da interação entre a beleza natural e seus moradores.
Jurema Machado, coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, acompanhou todas as tentativas do Rio de conquistar o título. Para ela, a cidade ainda tem muito a fazer, como despoluir a Baía de Guanabara, reduzir a ocupação de áreas verdes e recuperar áreas degradadas. No entanto, ela reconhece a cidade como excepcional:
— O Rio tem condições geológicas marcantes e sua ocupação, historicamente, dialogou de forma harmônica e criativa com essas características naturais. Os jardins de Burle Marx, no Flamengo, e o calçadão de Copacabana, que remete às formas das ondas do mar, são exemplos disso. A cidade, às vezes, se rende à natureza e por outras interfere nela, criando uma nova natureza.

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