O Estado de S.Paulo
A popularidade de Dilma Rousseff subiu como um balão em junho. Insuflada pelo otimismo do consumidor, superou 50% de saldo positivo, pelo altímetro Ibope/CNI. Isso significa que, mesmo descontados os que não apreciam seu governo, ela tem a aprovação de mais da metade da população. Quem duvida se uma taxa dessas faz diferença pode consultar o recém-ex-presidente Lugo, do Paraguai. Fernando Collor também serve.
Que a situação financeira do eleitor é a ignição da popularidade presidencial todos os ocupantes do Palácio do Planalto podem atestar. Seus balões subiram ou caíram na proporção direta da capacidade de consumo da população.
Quanto mais viva a tocha do consumo, mais alta a aprovação presidencial. Mas quando ela se apaga a queda é inevitável. Essa relação se repetiu em 9 a cada 10 vezes na última década no Brasil.
Como pode, então, a popularidade de Dilma seguir em alta se as projeções para o crescimento da economia só diminuem? Diferenças de percepção. Enquanto a evolução do PIB embica para baixo, o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) segue em patamar elevado.
Nos últimos meses, o otimismo do consumidor melhorou. Ele tem menos medo de perder o emprego e da inflação, além de manter-se confiante quanto à sua renda.
A queda da taxa de juros real ajudou a reforçar essa perspectiva otimista. Nos últimos três meses, a aprovação de como Dilma está lidando com o custo do dinheiro deu um duplo mortal carpado: saltou de 33% para 49%, superando pela primeira vez em seu governo a taxa de desaprovação (41%).
É mais um sinal de que valeu o risco assumido pela presidente ao mudar as regras da poupança - e, assim, abrir espaço a uma queda maior dos juros.
Em algum momento no futuro haverá um ajuste das expectativas. Dependendo de sua intensidade, a desaceleração da economia pode acabar contaminando a percepção do consumidor e, por tabela, murchar o balão de Dilma.
Mas nada indica que, se isso ocorrer, será de forma abrupta. Ao contrário, as curvas do INEC sugerem que o brasileiro assimilou os ciclos de expansão e retração do País e já faz suas contas pensando nisso.
Um comentário:
Dilma cresce quando enfrenta tabus antigos que anestesiavam nosso desenvolvimento.
A balela do crescimento da inflação com a redução de juros está sepultada. Outras áreas onde uma atitude corajosa alimentaria sua popularidade são o combate efetivo à corrupção e as reformas tributária e eleitoral.
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