BRASÍLIA - A falta de consenso do PDT em torno de um nome e a posição do partido de votar nesta terça-feira contra a criação do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos (Funpresp) são os dois principais problemas apontados pelo Palácio do Planalto para a substituição no Ministério do Trabalho. A demora na escolha do sucessor do ex-ministro Carlos Lupi tem causado insatisfação no PDT, que espera um chamado da presidente Dilma Rousseff para tratar do tema, ainda esta semana, antes da viagem para a Alemanha.
No núcleo palaciano, não foi bem recebida a informação de que o PDT decidiu votar majoritariamente contra o Funpresp, um projeto considerado prioritário pela presidente Dilma. Nesta segunda-feira, um ministro chegou a argumentar que se fosse o posicionamento individual de alguns parlamentares mais próximos do movimento sindical, não haveria problema. Mesmo assim, pela contabilidade palaciana, o governo conseguirá aprovar o Funpresp, mesmo sem os votos dos 26 deputados pedetistas. Esse fato deve dificultar a escolha do novo ministro do Trabalho.
Ao mesmo tempo, o governo quer que o PDT esteja unificado e pacificado em torno de um nome. Depois de muita divergência interna, a bancada do PDT tem apontado duas alternativas: a do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) e do secretário-geral da legenda, Manoel Dias. Já houve vetos internos aos nomes de alguns pedetistas. O Planalto foi informado que o próprio Lupi veta o nome do deputado Brizola Neto (PDT-RJ). Já o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), vetou o deputado Vieira da Cunha.
O líder da bancada, deputado André Figueiredo (PDT-CE), ligado a Lupi, disse nesta segunda-feira que o partido ainda aguarda ser chamado por Dilma para tratar do assunto. Ele alerta que o partido já começa a ficar impaciente com essa demora. O ex-ministro Lupi saiu do governo no início de dezembro. Desde então, a pasta é comandada pelo ministro interino Paulo Roberto Pinto. O líder pedetista também nega divisão no partido.
- O PDT não está dividido. Estamos aguardando ser chamados para conversar. Agora, toda paciência tem limite. Tem vozes internas defendendo que o PDT permaneça na base do governo, mas sem ministérios. Com essa demora na escolha do novo ministro, essa posição começa a ganhar força. Agora, independente de ministério, a bancada vai votar contra o Funpresp - avisou André Figueiredo.
Ele também reagiu ao movimento de setores do PT e do próprio governo, que passam a defender a tese de que o PDT tem um número pequeno de deputados para uma taxa de infidelidade elevada nas votações. E que na conta custo-benefício, o partido não deveria ficar com o Ministério do Trabalho. Para o líder André Figueiredo, essa crítica é de setores petistas ligados ao sindicalismo.
- Tem sempre grupos do PT que disputam internamente. Imagine, como esses grupos se comportam com os outros partidos - ironizou Figueiredo.
No Planalto, a avaliação é de que, diferente dos demais partidos, a presidente Dilma quer ter uma influência maior na escolha do nome do PDT. Principalmente, porque conhece os quadros do partido, já que até o ano 2000 era filiada ao partido. Por causa disso, interlocutores de Dilma apostam na preferência pelo deputado Vieira da Cunha, que já foi candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo ex-deputado Carlos Araújo. Na saída de Dilma do partido, houve um estremecimento na relação. Mas que já estaria superado.
- Estamos na expectativa do PDT ser chamado para uma conversa. O Lupi deverá levar nomes para que a presidente Dilma possa escolher - disse o deputado Vieira da Cunha.