sábado, 1 de dezembro de 2012

De onde menos se espera, por Alvaro Gribel e Valéria Maniero




Alvaro Gribel e Valéria Maniero, O Globo

De 1º de janeiro a 26 de novembro, o governo federal investiu só 18% do que está previsto no Orçamento deste ano. A cifra é pequena, R$ 16 bilhões, o que corresponde a 0,4% do PIB. Hoje, o IBGE divulga quanto a economia cresceu no terceiro trimestre. O PIB nesse período será o mais forte em mais de um ano, mas os investimentos devem cair novamente.
A informação dos investimentos está no sistema Siga Brasil, do Senado Federal, e foi coletada pelo economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. O investimento total previsto no Orçamento de 2012 é R$ 90 bi, cerca de 2,25% do PIB.
Para efeito de comparação, o governo gasta 12% do PIB com o pagamento de aposentados e pensionistas públicos e privados. Ou seja, mesmo se conseguisse investir tudo, ainda seria pouco.
— O governo Dilma tem o mérito de ter aumentado a participação dos investimentos no Orçamento. Chegou a R$ 90 bilhões. Isso aconteceu porque ela conteve gastos de custeio, adiou reajustes de servidores. Mas o governo não consegue gerenciar os investimentos e executá-los — explicou Salto.
O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore avalia que a política econômica continua estimulando o consumo, sem conseguir destravar os investimentos do setor privado.
Os problemas da indústria continuam e, para piorar, as ações de vários setores caíram como resultado das políticas do governo. Ao perder valor de mercado, as empresas ficam com menor margem para fazer dívidas e, consequentemente, investir:
— Há um conjunto grande de incertezas. O mercado de capitais está sendo mal tratado. A Petrobras foi capitalizada, mas fica impedida de reajustar o preço da gasolina. Criou-se uma briga com os bancos e isso jogou as ações para baixo. A mesma coisa aconteceu no setor de energia. Estamos aumentando os riscos aqui dentro. Ao fazer isso, não dá para esperar milagres, o investimento sofre.
Ele estima que entre julho e setembro o PIB deve ter crescido 1,1% em relação ao segundo trimestre. Desde o quatro tri de 2010 o Brasil não cresce tanto.
— O dado vai certamente confirmar expansão forte do consumo das famílias, um PIB da indústria medíocre e queda da taxa de investimento em proporção ao PIB — explica o economista.
Pastore vê com cautela os últimos três meses do ano. Acha que haverá desaceleração.

Um comentário:

Alberto disse...

Resumindo,o Brasil está à deriva e o governo agrava o risco iminente ao empurrar um carro sem freio ladeira acima.