sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Pró-mercado? (1), por Carlos Alberto Sardenberg




Carlos Alberto Sardenberg, O Globo
Vamos falar francamente: as relações do governo Dilma com o setor privado caíram no pior dos mundos. Há uma perversa combinação de hostilidade ideológica, negócios de compadres e corrupção. Nesse ambiente, só investe quem consegue um jeito de transferir o risco para o governo, obter financiamento e/ou subsídio e/ou acertar com funcionários na base da propina.
Por partes: a hostilidade é evidente. A presidente Dilma acha que não existe isso. Para ela, o que há é má vontade e hostilidade da parte do setor privado contra seu governo.
Mesmo, porém, os aliados mais próximos da presidente, como Delfim Netto, admitem que “agentes públicos”, em especial aqueles ligados ao setor de infraestrutura, “manifestam prepotência e muita idiossincrasia” — um jeito mais neutro, digamos, de falar ideologia estatizante.
Ou seja, a culpa não é da presidente, mas o problema existe. Haveria, em torno da presidente, um pequeno grupo de assessores de viés estatizante.
Será?
Começa que Dilma não exerce uma administração, digamos, frouxa e maleável.
Ao contrário, todos dizem que costuma impor seus pontos de vista. Considerem o caso da Eletrobras e a proposta de redução das tarifas. Dirigentes e técnicos da estatal comentaram diversas vezes, para quem quisesse ouvir, que a proposta simplesmente quebra a Eletrobras. Mostraram os números. Aí, reúnem-se diretoria e conselho — e dão apoio entusiasmado à proposta da presidente.
Além disso, a presidente manifesta com frequência, às vezes sem querer, sua visão negativa acerca dos empresários e banqueiros, estes alvos preferenciais.
“Ganharam muito dinheiro no mole, às custas do povo” — isto resume o sentido de várias manifestações.

Um comentário:

Alberto disse...

Sardenberg, nota 20!!!
Alberto