O Globo
Os escândalos do mensalão e da máfia dos pareceres, formada, segundo investigações da PF, sob a influência traficada pela chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, podem ser entendidos de várias maneiras.
Na aparência, de naturezas diferentes, os casos marcam um dos momentos de maior degradação ética da vida pública nacional.
Um, o mensalão, transcorreu no submundo da política e seguiu um enredo digno de ficção política, com operações engenhosas de lavagem de dinheiro público, para sustentar um projeto de poder do grupo hegemônico no PT.
O outro, em que aparece como protagonista Rosemary Noronha, próxima a Lula desde os tempos do sindicalismo no ABC, coloca à vista de todos um dos aspectos mais daninhos deste projeto de poder, a possibilidade do uso delinquente do Estado, para fins de enriquecimento pessoal privado. Roubo.
Os chefes do mensalão podiam estar pensando na “causa”, enquanto Rose, os irmãos Vieira (Paulo e Rubens) e os demais do esquema de corrupção montado em agências reguladoras visavam exclusivamente a se “dar bem”.
Os dois núcleos cometem crimes graves. O dos mensaleiros já tem penas definidas. Aguarda-se a vez de a turma da venda de pareceres comparecer ao tribunal.
Este grupo se aproveitou do projeto autoritário de controle do Estado por uma facção petista. Cassar a independência das agências reguladoras, decidir aparelhá-las com apaniguados, fazer o mesmo na administração direta e empresas estatais é tudo de que necessitam esquemas como o de Rosemary e irmãos Vieira para também assaltar os cofres públicos.
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