domingo, 23 de dezembro de 2012

1 Bilhão pelo ralo




É esse o prejuízo, em dólares, que a Petrobras deverá ter com a venda de sua refinaria no Texas, um dos piores negócios já feitos na história da estatal — que o TCU investiga
VEJA
Desde que assumiu a presidência da Petrobras, em fevereiro, a engenheira Maria das Graças Foster, ou Graça, como é conhecida, já teve de vir a público admitir o fiasco em dezenas de perfurações de poços ao longo dos últimos oito anos e ainda dobrar-se diante da alarmante queda no nível de eficiência de suas plataformas.
Agora, o incômodo é um daqueles esqueletos escondidos no armário pela gestão anterior que, uma vez descobertos, tiram o sono.
O esqueleto em questão é uma refinaria comprada pela Petrobras em Pasadena, no estado americano do Texas. O negócio é um dos mais mal sucedidos da história da estatal (foto abaixo).

Destaque: Graça Foster e Gabrielli - Foto:Agência Petrobras e Glaicon Enrich/News Free

Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria, ficando a outra metade com a trading belga Astra Oil. A parceria foi desfeita em junho passado depois de acirrada disputa judicial.
A Petrobras, então, adquiriu as ações da Astra Oil e ficou como única dona da refinaria. Não se entende por que pagou um preço tão alto por uma refinaria velha e defasada, que só dá prejuízo e dor de cabeça.
A estatal brasileira já enterrou em Pasadena cerca de 1,18 bilhão de dólares. Quando, há seis meses, finalmente decidiu livrar-se dela, pondo-a à venda, entendeu o tamanho do rombo.
A única oferta recebida - da multinacional americana Valero - foi de cerca de 180 milhões de dólares, pouco mais de um décimo do valor pago.
Obviamente, Graça hesita em aceitar a oferta, o que a forçaria a assumir publicamente o rombo bilionário, mexendo em um vespeiro cujas reais dimensões estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Os detalhes do negócio, aos quais VEJA teve acesso, ajudam a esclarecer por que, dentro da própria estatal, pairam suspeitas de que o caso Pasadena pode não ser um erro de cálculo, um mau passo de gestão, a que todas as empresas estão sujeitas.
Nada disso. A compra da refinaria tem o DNA para se tomar um escândalo.
A primeira a levantar dúvidas sobre a transação foi a presidente Dilma Rousseff, em 2008, quando era ministra da Casa Civil e comandava o conselho da Petrobras.
A estatal e sua sócia belga divergiam sobre a condução da refinaria, e a Petrobras propôs comprar os 50% restantes. Por quanto? Setecentos milhões de dólares, quase o dobro do que a Astra pagara apenas dois anos antes.
Havia até relatórios de consultorias avalizando as cifras. Mas a operação foi rechaçada pelo conselho. "Dilma atacou a proposta e criticou duramente Sergio Gabrielli (então presidente da estatal) diante de todos. Foi constrangedor", lembra um ex-diretor.

2 comentários:

Crismélia Litúrgica disse...

Gabrieli é de safra mais recente que a do Lula no PT. É contemporâneo na agremiação do Jaques Wagner, malandrão de Madureira,cheio de ginga e esperteza que subiu bastante nos quadros partidários. Hoje, como se sabe, ocupa o lugar que consagrou o Toninho Malvadeza, de saudosa memória.São amigos fechados, ele e Gabrieli, ambos ligadíssimos ao nosso (deles, é claro) Líder. O enredo desse samba não é novo. A gente se pergunta é como é que a bela Graça não reagiu antes, quando era Diretora da presidência Gabrieli. Resposta: tudo farinha do mesmo saco!

Alberto disse...

Sempre haverá dúvidas se a gestão de empresas pelo governo gera prejuízos por inépcia ou roubo.
No caso de lucro a dúvida será se o balanço está errado ou se houve infiltração de agentes da iniciativa privada na administração.