É dos programas mais típicos de Seattle. Perambular por dezenas de galerias de arte, muitas delas com exposições novas, o artista presente, disponível para falar com você. Chama-se art walk. Caminhada de arte. Passeio pela arte.
O evento mais tradicional se concentra na área mais antiga da cidade, chamada de Pioneer Square. Reduto de artistas, ateliês e galerias de arte, a área é um convite natural a estender a visita a uma exposição e conhecer mais trabalhos.
Na First Thursday Seattle, nome oficial do evento daPioneer Square, todos se mobilizam para ter uma programação especial e atrair mais visitantes a cada primeira quinta-feira do mês. Já vi de champanhe a hambúrguer, de brinde de artista a mini-palestra.
Dá certo: há quem receba 1.000 visitantes em um só dia. Em tempos de recessão, é muito.
Visitas não significam vendas. O artista plástico e galerista Paul D. Mckee diz que o evento se tornou mais social do que de negócios, mas que isso não diminuiu seu valor. “Ter centenas de pessoas numa galeria num só dia mostra a importância e o valor do evento para a cena de arte local”, defende.
É verdade que muito turista vai mais pelo lado típico e menos pelo lado artístico da coisa. Se ajuda a aumentar a fama, que venham!
Eu gosto da ideia de ter um dia em que aqueles prédios enormes, cheios de galerias de arte, intimidam menos. Não é agradável ser o único em uma galeria, sentindo o peso do olhar do único funcionário sobre você.
A art walk da Pioneer Square funciona todos os meses, menos janeiro. Achava que os meses mais quentes seriam os mais cheios, mas ontem também teve muito público, provavelmente devido à movimentação das festas de fim de ano.
Surpreendentemente, pra mim, o impacto maior não é quando está chovendo ou fazendo frio, mas sim quando há outro grande evento na cidade, como um jogo importante ou um show de alguém muito famoso.
Foto: Mahalie Stackpole @CC
O site oficial da First Thursday Seattle diz que a art walk começou em Seattle, mas tem uma versão que diz que foi em Nova Iorque. Autorias à parte, conta-se que nos idos de 1981 foi aqui que começou o costume de fazer algo diferente para chamar a atenção do público, como pintar pegadas nas calçadas direcionando para as galerias.
Atualmente são mais de 80 galerias, estúdios de artistas e algumas lojas e cafés, servindo de vitrine para a arte.
Com o tempo, o evento se estabeleceu e se espalhou pela cidade: vários bairros criaram dias especiais de abertura de galerias e ateliês ao público. Cada um tem sua preferida, mas a de Pioneer Square continua uma referência, por ser a primeira e a maior. Vale conhecer para se sentir um típico morador de Seattle.
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.
Nenhum comentário:
Postar um comentário