sábado, 8 de dezembro de 2012

Cartas de Seattle: Arte acessível. Pelo menos para ver




É dos programas mais típicos de Seattle. Perambular por dezenas de galerias de arte, muitas delas com exposições novas, o artista presente, disponível para falar com você. Chama-se art walk. Caminhada de arte. Passeio pela arte.
O evento mais tradicional se concentra na área mais antiga da cidade, chamada de Pioneer Square. Reduto de artistas, ateliês e galerias de arte, a área é um convite natural a estender a visita a uma exposição e conhecer mais trabalhos.
Na First Thursday Seattle, nome oficial do evento daPioneer Square, todos se mobilizam para ter uma programação especial e atrair mais visitantes a cada primeira quinta-feira do mês. Já vi de champanhe a hambúrguer, de brinde de artista a mini-palestra.
Dá certo: há quem receba 1.000 visitantes em um só dia. Em tempos de recessão, é muito.
Visitas não significam vendas. O artista plástico e galerista Paul D. Mckee diz que o evento se tornou mais social do que de negócios, mas que isso não diminuiu seu valor. “Ter centenas de pessoas numa galeria num só dia mostra a importância e o valor do evento para a cena de arte local”, defende.
É verdade que muito turista vai mais pelo lado típico e menos pelo lado artístico da coisa. Se ajuda a aumentar a fama, que venham!
Eu gosto da ideia de ter um dia em que aqueles prédios enormes, cheios de galerias de arte, intimidam menos. Não é agradável ser o único em uma galeria, sentindo o peso do olhar do único funcionário sobre você.
art walk da Pioneer Square funciona todos os meses, menos janeiro. Achava que os meses mais quentes seriam os mais cheios, mas ontem também teve muito público, provavelmente devido à movimentação das festas de fim de ano.
Surpreendentemente, pra mim, o impacto maior não é quando está chovendo ou fazendo frio, mas sim quando há outro grande evento na cidade, como um jogo importante ou um show de alguém muito famoso.

Foto: Mahalie Stackpole @CC

O site oficial da First Thursday Seattle diz que a art walk começou em Seattle, mas tem uma versão que diz que foi em Nova Iorque. Autorias à parte, conta-se que nos idos de 1981 foi aqui que começou o costume de fazer algo diferente para chamar a atenção do público, como pintar pegadas nas calçadas direcionando para as galerias.
Atualmente são mais de 80 galerias, estúdios de artistas e algumas lojas e cafés, servindo de vitrine para a arte.
Com o tempo, o evento se estabeleceu e se espalhou pela cidade: vários bairros criaram dias especiais de abertura de galerias e ateliês ao público. Cada um tem sua preferida, mas a de Pioneer Square continua uma referência, por ser a primeira e a maior. Vale conhecer para se sentir um típico morador de Seattle.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

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