BRASÍLIA - Por meio de um manifesto, uma ala PMDB decidiu formalizar sua insatisfação com o forma do PT governar e tratar seu principal aliado. O documento já conta com 45 assinaturas, dos 77 deputados peemedebistas, e a adesão deve crescer até a próxima semana, quando será entregue ao vice-presidente da República, Michel Temer, (foto) e ao presidente da legenda, Valdir Raupp (RO).
O manifesto diz que existe uma "relação desigual e injusta" no tratamento que o governo dá ao PMDB, sem permitir que a legenda participe das decisões maiores tomadas, e que "é visível o esforço do governo para fortalecer o Partido dos Trabalhadores". O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), também receberá o documento formalmente na próxima semana, mas diz que o PMDB continuará votando com responsabilidade, como fez na votação do projeto que cria a previdência complementar do servidor público (Funpresp).O PT é citado nominalmente no texto, que enfatiza a ação dos petistas de tentarem enfraquecer a predominância do PMDB nos municípios. A reclamação é que o PMDB vive no governo como uma "sublegenda do PT", segundo os deputados.
O texto evita tratar da queixa mais constante de peemedebistas: a falta de espaço e sub-representarão no governo Dilma. Segundo um dos líderes do movimento, deputado Danilo Fortes (PMDB-CE), não é um movimento por mais cargos ou de ameaça em votações na Casa, mas por maior protagonismo no governo por parte de uma bancada que tem sido mais fiel que o próprio PT nas votações de interesse do governo.
- O tratamento dispensado ao PMDB é, muitas vezes, humilhante, sub-rogado ao segundo plano. Só somos convocados para votar a favor do governo e defender as denúncias de malfeitos. Queremos discutir políticas públicas, fazer o PMDB participar, dando autonomia aos espaços que o PMDB possui. Hoje os ministérios estão todos tutelados -afirmou Danilo Fortes (PE).
Henrique Alves tem sido pressionado pela bancada peemedebista para mudanças na proposta do Código Florestal e o governo e o PT querem manter o texto do Senado. Para muitos, o PMDB foi novamente escanteado, com a relatoria do projeto dos royalties entregue ao petista Carlos Zarattini (SP).
O documento dos peemedebistas pede a realização de um encontro nacional no dia 25 de abril para a retomada da mobilização municipalista. Uma das grandes preocupações dos deputados é em relação à eleição deste ano. "Estamos vivendo uma encruzilhada onde o Partido dos Trabalhadores se prepara com ampla estrutura governamental para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal do país", diz o manifesto.
O deputado Osmar Terra (PMDB-RS) é outro parlamentar que assina o documento.
- É um manifesto de insatisfação com o papel secundário que estamos tendo - disse Osmar Terra.
Os parlamentares do PMDB ainda estão sendo procurados para assinar o documento. Até mesmo a vice-presidente da Câmara, Rosi de Freitas (PMDB-ES), assina o manifesto, ao lado de Renan Filho (AL) e Darcísio Perondi (PMDB-RS). Por enquanto, o discurso é de que o movimento é da Câmara, mas tem a simpatia de senadores.
Um comentário:
Para o PT ampliar sua presença no cenário político brasileiro terá que agregar áreas dominadas pelo PMDB.
Esta incompatibilidade de objetivos nos brindará uma eleição municipal bastante agitada.
A aliança PT X PMDB deu como resultado a quase extinção da oposição. Ressurgindo das cinzas o moribundo PSDB tem tudo a ganhar com a briga enquanto prepara o caminho para Aecinho.
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