sábado, 24 de março de 2012

Bento XVI em Cuba


Bento XVI afirma que Igreja Católica deseja ajudar ilha a encontrar novo caminho



Papa Bento XVI embarca em Roma junto ao cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano (esq), e ao premier italiano Mario Monti
Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP
Papa Bento XVI embarca em Roma junto ao cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano (esq), e ao premier italiano Mario MontiFILIPPO MONTEFORTE / AFP
ROMA — O Papa Bento XVI afirmou que o comunismo não funciona mais em Cuba e que a Igreja Católica está disposta a ajudar o país a encontrar novas maneiras de se desenvolver “sem traumas”. O Pontífice deixou Roma a caminho de México e Cuba na manhã desta sexta-feira e conversou com jornalistas a bordo do avião. Ele também comentou sobre a escalada da violência no México, dizendo que é necessário combater as drogas.
— Hoje é evidente que a ideologia marxista como foi concebida não corresponde mais à realidade — afirmou.
Na cidade mexicana a de León, Joseph Ratzinger será recebido pelo presidente Felipe Calderón e por grupos folclóricos e de mariachis. O espaço aéreo do estado de Guanajuato será fechado para a chegada do Papa e os voos só serão retomados após o seu desembarque.
Em resposta a um jornalista que o questionou sobre a atualidade do pedido do Papa João Paulo II, em 1998, para que “Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba”, o chefe da Igreja Católica afirmou que novos caminhos devem ser buscados.
— Novos modelos devem ser encontrados com paciência e de uma forma construtiva... Nós queremos ajudar — afirmou Bento XVI, que aos 85 anos embarcou usando uma bengala e levantou dúvidas sobre sua saúde. — Me sinto em absoluta continuidade com as palavras de João Paulo II, que ainda são atualíssimas. (Os cubanos) Inauguraram um caminho de colaboração construtiva, um caminho que é longo, que exige paciência mas que segue para frente.
‘Idolatria do dinheiro’ está por trás da violência no México, diz Bento XVI
A respeito do problema da violência no México, onde cartéis de drogas executam milhares de pessoas anualmente, o Papa afirmou que todo o possível deve ser feito contra “este mal destrutivo para a sociedade e a juventude”. Desde que o governo mexicano aumentou o combate ao tráfico, em 2006, 47 mil pessoas foram assassinadas no país. Para Bento XVI, a “idolatria do dinheiro” está por trás da violência que custou tantas vidas ao país.
— A Igreja não é um poder político, não é um partido, mas é uma realidade moral, um poder moral. A tarefa da Igreja é de educar a consciência, a responsabilidade moral, desmascarar a idolatria do dinheiro que escraviza o homem, desmascarar o mal e as falsas promessas, desmascarar as mentiras e as fraudes que estão por trás das drogas — declarou.
Por causa de sua presença, o cartel de drogas mais ativo no estado de Guanajuato, a Ordem dos Cavaleiros Templários, propôs uma trégua aos outros grupos com que disputa o comércio de entorpecentes.
Durante a conversa no avião, o Papa também pediu liberdade de consciência e religiosa para Cuba. Ele deve chegar ao México por volta das 19h30 (horário de Brasília), mas só terá compromissos oficiais neste sábado, na cidade de León, em Guanajuato. Apesar do argumento oficial para a escolha girar sobre os perigos da altitude da capital, a Cidade do México, para sua saúde, muitos especulam que a decisão também foi motivada pelo fato de Guanajuato ser a região que mais abriga católicos no país, onde a Igreja Católica tem enfrentado uma sensível perda de fiéis. Por causa de sua presença, 13 mil policiais e militares foram mobilizados, em uma operação que custará R$ 20 milhões aos cofres mexicanos.


Um comentário:

Alberto disse...

A viagem do Grande Peregrino é sinal da mudança de atitude por parte de Cuba. Dois grandes problemas da Igreja serão atacados pelo Papa no início da viagem. Há muitas pendências com México e Cuba.